sábado, 2 de junho de 2018

Deixem as flores espalharem o seu perfume






Carol Banze
Fotos de Carlos Uqueio

As andorinhas sobrevoam os céus a cada Junho, exibem tonalidades divertidas e espalham o perfume das flores na celebração do dia da criança.
Ahhhh…que brilho, que sol, que alegria, que fragrância exalada da pele fina destas criaturinhas cheias de graça, que se demarcam pela candura e vozes encantadoras, fruto da sabedoria da mãe natureza, que cria as suas gentes à medida e ao peso perfeito e determina o curso das coisas.
Mas os trilhos por si traçados seguem por vezes uma dinâmica tortuosa e desobediente, realidade comprovada pelo olhar atento do fotojornalista Carlos Uqueio, que de Mutarara, vila de Nhamayabué, na província de Tete, desenha, ao mais fiel traço, um quadro intrigante que aqui se avista em forma de imagens, em que as andorinhas vêem o seu espaço esbulhado e desvirtuado pela dinâmica fatigante do dia-a-dia.
De corpos cobertos de panos com motivos coloridos, agarradas às enxadas e exibindo passos vigorosos, as crianças desta terra encarnam a pele de querubim, percorrem longas distâncias e trabalham à medida dos adultos; trocam o livro pela enxada; cultivam a terra em prejuízo do intelecto, e com uma sabedoria inexplicável, disfarçam o sofrimento exibindo sorrisos e olhares de esperança.
Ainda assim, a voz destes seres amorosos e delicados soa a um tom baixo e desarmonioso; as cores alegres que acompanham a sua essência se desvanecem, contrariando a mãe natureza, dona da sabedoria e da medida das coisas.
Contemplando esta tela tão sem graça, surge-nos a vontade de refazê-la a um breve trecho, retratando, sem lhe apontar algum defeito, um novo quotidiano que a todos envaideça.
Viva o 1 de Junho!

Fotos de Carlos Uqueio



Olhares
CARLOS UQUEIO

Contrastes?!!
O preconceito é o analfabetismo da alma. Sim. Haverá alguma coisa que faça mais mal ao homem do que o preconceito? Provavelmente não... ou se calhar a falta de respeito. De qualquer forma, o preconceito é tão impiedoso que obriga os Homens a viverem, não como gostariam, mas sim como se lhes impõe.
A sociedade é tão cheia de preconceitos que, bastas vezes, surgem como regras para promoverem a boa convivência. Grande logro.
Olhemos atentamente para as imagens captadas pelo “olhar de lince” do foto-jornalista CARLOS UQUEIO. Sugerem-nos, logo de primeira, algo não comum. Uma “inversão de papéis”, aos olhos de uns, mas gestos de amor, aos olhos de outros. De qualquer modo, há uma certa beleza nesse gesto simples de “nenecar” uma criança ou transportar uma lata de água à cabeça, gestos erroneamente associados à mulher.





Quando um homem faz algo que, por mera herança, acredita-se que está reservado à mulher, ele quabra paredes e estabelece novos paradigmas existenciais. Não há melhor coisa no mundo do que o respeito. Ser respeitado, elogiado, ser ouvido. É fantastico isso. Tira-nos das masmorras da mesmice e dos lugares comuns. Eleva-nos como homens que fazem parte desta cadeia que só tem valor porque recheada de “CONTRASTES”.
O respeito pelo outro, pelo diferente, é como uma forma de educação, você a respeita, pois a admira. E o respeito é muito simples de se conseguir: Basta ter uma postura "firme", correcta, e mostrar que você tem plena consciência dos actos. Mostre que você uma pessoa educada, que respeita os outros, seja uma pessoa que sê dê ao respeito. Respeito é uma coisa que devemos receber e dar a todos. Aliás, a humildade é algo que valoriza muito o ser, também o humor nas horas correctas e a seriedade com quem não gosta de humor.
Já o preconceito é uma asneira total.
CARLOS UQUEIO, com este registo, lembra-nos que a humanidade é feita dessas pequenas diferenças que longe de nos separarem, devem unir-nos. Somos pessoas... porque somos diferentes!

B.Adamugy