segunda-feira, 25 de abril de 2022

Eterna rivalidade Homem-chuva

Por Carlos Uqueio & Lucas Muaga

A CHUVA, muitas vezes necessária quão importante, é um dos fenómenos mais temidos pelos moçambicanos. Sobretudo os que residem nos centros urbanos e na periferia que, ao contrário dos que vivem nas zonas rurais, dependentes da agricultura, não imaginam a abundância que ela anuncia. É que basta um pingo para estas áreas habitacionais ficarem completamente alagadas e ameaçadas pelo “fantasma” das cheias, que ainda este ano causou terror na região centro do país. E não é para menos, pois ainda esta semana choveu na Zona Sul e em muitos bairros da província e cidade de Maputo, tendo se instalado um ambiente de caos. Quando a chuva começou a cair surpreendeu a todos. E foi só pisar na água, tentar esquivar, beber e respirar água, escutar o seu som algo aterrador e por onde passar dar de caras com ela sempre na sua irónica presença, afinal nem nas casas, invasiva que é, consegue levantar o pano branco das tréguas. Bom foi o nosso colega Carlos Uqueio ter se ajeitado para dar corpo aos cliques que eternizam esta rivalidade Homem-chuva.












quarta-feira, 20 de abril de 2022

        E a água tudo tramou!

 

Por: Carlos Uqueio & Belmiro Adamugy

publicado no jornal domingo,17/04/2022


A chuva tem um poder incrível. Dá e tira. Pode fazer brotar um sorriso no rosto de quem está com sede, mas pode também arrancar lágrimas da alma de quem, impotente, a vê chegar em demasia. Ela põe e dispõe… não é por acaso que a sabedoria africana conclui que a água sempre descobre um meio.

 

O país tem sido vitima privilegiada desse capricho da natureza. Ainda há pouco vimos como a chuva pode fazer coisas de arrepiar o mais corajoso dos homens. Caiu em demasia e revelou, com uma ferocidade sem paralelo, as nossas fragilidades: casas ruiram, estradas transformaram-se em enormes piscinas, gentes viram as suas vidas viradas de avesso.

 

O olho atento de Carlos Uqueio, foto-jornalista de espírito aguçado, captou momentos que nos fazem pensar sobre o país que estamos a (des)construir. Se é certo que a chuva tem uma força descomunal, também é verdade que bastas vezes é a incuria humana que propicia o palco para que a precipitação atmosferica se transforme num dilema ainda maior.

 

Cortamos os caminhos naturais da água - esquecendo que ela conhece os caminhos - entupimos as valas de drenagem e derrubamos a vegetação com sadismo. O resultado está ai. A água que nos devia aliviar, traz dor… e quando a estiagem chegar, voltaremos a chorar.