Por que o fotojornalista merece respeito nas manifestações violentas em Moçambique?
Carlos Uqueio,repórter & monitor em fotografia documental e jornalística,é um jovem moçambicano, natural e residente em Maputo. Muito cedo descobriu a sua paixão pela fotografia, onde veio a formar-se no Centro de Documentação & Formação Fotográfica de Maputo. Teve uma breve passagem pelos Jornais: ExpressoMoz, Público e Debatemoz. Actualmente trabalha como Repórter- fotográfico do Noticias e já colaborou com o Gabinete de Imprensa do Primeiro-Ministro como Fotógrafo Oficial de 2015-2025
terça-feira, 29 de outubro de 2024
segunda-feira, 28 de outubro de 2024
Pés e pedais a palmilhar o futuro
Texto de Gil Filipe e fotos de Carlos Uqueio. Reportagem publicada no jornal noticias, 26/10/2024
A PÉ ou aos pedais, estes petizes fazem vários quilómetros à busca do conhecimento. São de uma zona recôndita da província de Tete, onde estivemos recentemente, e fazem-se de sonhos e de perseverança. As longas distâncias que palmilham não são ferramenta para a desistência, antes para mais determinação na também longa distância que as separam do sonho de um amanhã risonho. Têm certeza disto porque dos pais e da comunidade em que estão inseridos recebem as mais belas - e certas - palavras de encorajamento: o amanhã depende delas, depende da sua dedicação hoje, da devoção que dão às suas ambições de futuro. Mais do que fotos, do nosso repórter Carlos Uqueio, mostramos hoje neste espaço passos e pedaladas rumo a um amanhã risonho para aqueles meninos.
terça-feira, 1 de outubro de 2024
A Importância da Fotografia na Criação de Estátuas: Um Olhar Crítico
Artigo de opinião escrito por: Carlos Uqueio, repórter e monitor em fotografia jornalística e documental.
A fotografia desempenha um papel fundamental na elaboração de estátuas, servindo como uma ponte entre o passado e a arte contemporânea. Obras como as estátuas de Samora Machel e Eduardo Mondlane, em Moçambique, são exemplos notáveis de como a fotografia é preservada e reinterpretada através da escultura. Importa referir que, no processo de elaboração dessas estátuas, os artistas tiveram que recorrer a fotografias feitas por fotógrafos renomados da época. Para os artistas, as fotografias do passado não apenas fornecem referências visuais, mas também capturam a essência dos indivíduos retratados, permitindo que suas histórias sejam contadas de forma mais autêntica
O uso de fotografias na escultura é apoiado por diversos estudiosos. O crítico de arte John Szarkowski argumenta que "a fotografia é uma forma de explorar a verdade da experiência humana" (Szarkowski, 1973). Esta verdade é essencial quando se busca recriar figuras históricas que representam identidades nacionais e colectivas. Ao se basear em fotografias, os artistas podem infundir suas obras com nuances emocionais e contextos sociais que, de outra forma, poderiam ser perdidos.
Outro autor relevante é Roland Barthes, que em seu ensaio "A Câmara Clara" fala sobre a relação entre a imagem fotográfica e a memória. Barthes afirma que "a fotografia não é apenas uma representação, mas também uma evidência do que foi" (Barthes, 1980). Essa evidência é crucial na construção de estátuas que desejam honrar figuras como Machel e Mondlane, cujas vidas e legados continuam a ressoar na sociedade contemporânea.
Entretanto, sem me envolver na polémica sobre a originalidade da estátua recentemente inaugurada em homenagem ao saudoso Eduardo Mondlane, considero inegável que o trabalho da fotografia é fundamental nesse processo criativo. O fotógrafo não apenas captura a aparência, mas também a essência de um momento e de uma pessoa, oferecendo ao artista uma base sólida para construir sua interpretação. Esse diálogo entre fotógrafo e escultor enriquece a obra final, transformando a estátua em um verdadeiro monumento à memória e à história
Portanto, a fotografia não deve ser vista apenas como uma ferramenta, mas como uma forma de arte que contribui significativamente para a criação escultórica. Reconhecer essa interdependência é essencial para entender o papel dos artistas que, através da escultura, preservam e reinterpretam a memória coletiva.
Referências pesquisadas
- Barthes, R. (1980). A Câmara Clara: Nota sobre a Fotografia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.
- Szarkowski, J. (1973). Looking at Photographs. Nova York: The Museum of Modern Art.