domingo, 21 de julho de 2024

 Manipulação de Imagens no fotojornalismo: limites éticos na edição.

Por: Carlos Uqueio, repórter e monitor em fotografia jornalística e documental.
A manipulação de imagens é uma prática que suscita debates éticos significativos no contexto jornalístico e midiático contemporâneo. Com o avanço da tecnologia, as ferramentas de edição permitem não apenas correções simples, mas também alterações que podem distorcer a realidade de maneiras diversas.
Segundo Jay Rosen, professor de jornalismo da Universidade de Nova York, a manipulação de imagens no fotojornalismo pode comprometer a integridade e a confiabilidade das informações transmitidas ao público. Rosen enfatiza que a precisão factual é essencial para a credibilidade do jornalismo, e qualquer alteração em uma imagem deve ser claramente comunicada ao público para evitar distorções enganosas (Rosen, 2015).
Outro aspecto crítico é a preocupação com a privacidade e a dignidade das pessoas retratadas. Neil Postman, em seu livro "Amusing Ourselves to Death", discute como a manipulação de imagens pode ser utilizada para distorcer a percepção pública de eventos e indivíduos, influenciando indevidamente a opinião das pessoas (Postman, 1985).
Para mitigar esses problemas éticos, organizações como a Society of Professional Journalists (SPJ) estabelecem diretrizes rigorosas para o uso ético de imagens. As diretrizes da SPJ enfatizam a necessidade de transparência sobre qualquer alteração feita em uma imagem e a importância de preservar a precisão factual (SPJ, 2014).
Em um artigo recente, Susan Sontag argumenta que a manipulação de imagens não é apenas uma questão técnica, mas também uma questão moral. Sontag destaca que a manipulação pode distorcer a verdade e criar uma falsa impressão de eventos ou indivíduos, impactando negativamente a confiança pública na mídia (Sontag, 2003).
Diante dessas perspectivas, fica evidente que a ética na manipulação de imagens é fundamental para a integridade jornalística e para a manutenção da confiança do público. É imperativo que jornalistas e editores adotem práticas transparentes e responsáveis ao trabalhar com imagens, garantindo que a informação visual transmitida seja precisa, ética e fiel aos fatos.
Pode um fotojornalista manipular imagens?
A resposta é NÃO, pois um fotojornalista não deve manipular imagens na edição de uma forma que altere a realidade dos eventos documentados. A ética jornalística exige que as fotografias jornalísticas sejam precisas e representem fielmente os acontecimentos conforme foram testemunhados pelo repórter. Pequenos ajustes de cor, brilho, contraste, nitidez e recorte são geralmente aceitáveis para melhorar a qualidade visual, mas manipulações que alterem o contexto, removam ou adicionem elementos de forma enganosa são consideradas antiéticas. Manipulações desse tipo podem distorcer a verdade e comprometer a credibilidade do jornalista e da publicação.
*Referências:*
- Rosen, J. (2015). "The Image: Knowledge in Life and Society." New York University Press.
- Postman, N. (1985). "Amusing Ourselves to Death: Public Discourse in the Age of Show Business." Penguin Books.
- Society of Professional Journalists (SPJ). (2014). "Code of Ethics." Retrieved from https://www.spj.org/ethicscode.asp
- Sontag, S. (2003). "Regarding the Pain of Others." Farrar, Straus and Giroux.

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