Moçambique: A desvalorização dos serviços fotográficos em casamentos.
Carlos Uqueio,repórter & monitor em fotografia documental e jornalística,é um jovem moçambicano, natural e residente em Maputo. Muito cedo descobriu a sua paixão pela fotografia, onde veio a formar-se no Centro de Documentação & Formação Fotográfica de Maputo. Teve uma breve passagem pelos Jornais: ExpressoMoz, Público e Debatemoz. Actualmente trabalha como Repórter- fotográfico do Noticias e já colaborou com o Gabinete de Imprensa do Primeiro-Ministro como Fotógrafo Oficial de 2015-2025
sexta-feira, 30 de agosto de 2024
"Mesmo zangado consigo mesmo, não deixe de fotografar" in Alfredo Mueche.
O papel do fotojornalista: fotografar o que gostamos e não gostamos, e o que outros gostam e não gostam.

O Papel Fundamental do Fotógrafo Oficial em Contextos Internacionais
Por: Carlos Uqueio, repórter e monitor em fotografia jornalística & documental
A profissão de fotógrafo oficial é, sem dúvida, uma das mais desafiadoras e significativas dentro do cenário político e institucional. Ao longo dos anos, a experiência de acompanhar personalidades de alto nível em eventos internacionais me ensinou lições valiosas sobre o papel desse profissional. Tive a oportunidade de evidenciar de perto as nuances que envolvem a documentação fotográfica de eventos de relevância global, e acredito que a importância desse papel não pode ser subestimada.
Fotógrafos renomados como Pete Souza, que actuou como fotógrafo oficial da Casa Branca durante as administrações de Ronald Reagan e Barack Obama, e Yousuf Karsh, conhecido por seus retratos de figuras históricas como Winston Churchill, demonstram a relevância e o impacto que um fotógrafo oficial pode ter na preservação da história. Souza, em particular, destacou-se pela sua habilidade em capturar momentos de extrema importância, mantendo uma relação harmoniosa com os dirigentes que acompanhava. Essa relação de confiança é um elemento central para o sucesso do trabalho de um fotógrafo oficial.
Em minhas próprias experiências, especialmente durante a cobertura da visita oficial em 2017, do antigo Primeiro-Ministro de Moçambique, Carlos Agostinho do Rosário à República Socialista do Vietname e das cimeiras das Nações Unidas, percebi que o papel do fotógrafo vai além da simples documentação visual.
Lembro-me claramente de uma ocasião em que estava cobrindo um encontro de alto nível, e a tensão na sala era palpável. A pressão para capturar o momento certo, sem ser invasivo ou chamar atenção desnecessária, era imensa. Estar devidamente credenciado como fotógrafo oficial e presidencial é crucial; sem o devido credenciamento, corre-se o risco de ser impedido de participar de eventos e reuniões importantes, o que pode comprometer a cobertura fotográfica. Em um episódio particular, minha credencial foi questionada por uma equipe de segurança que não estava familiarizada com o protocolo fotográfico. Foi um momento de ansiedade, mas graças ao meu preparo e à minha insistência em mostrar a importância do meu trabalho, fui autorizado a entrar. A lição foi clara: a falta de credenciamento adequado pode comprometer não apenas o trabalho do fotógrafo, mas também a documentação histórica de eventos cruciais.
Além disso, a capacidade de comunicação em outras línguas, especialmente o inglês, é crucial. Um exemplo claro da importância do domínio do inglês ocorreu em 2023, durante a visita do Primeiro-Ministro Adriano Maleiane à França, no âmbito da realização da Cimeira de Paris sobre um novo pacto financeiro global. Nesta visita, foi essencial o uso da língua inglesa, o que facilitou a interação com o pessoal do protocolo e de segurança, permitindo que eu localizasse rapidamente a sala onde o Primeiro-Ministro Maleiane faria seu discurso. Essa situação me fez perceber que a fluência em inglês não era apenas uma vantagem, mas uma necessidade absoluta. Ao me comunicar com a equipe de protocolo, precisei de toda minha habilidade linguística para entender as instruções rapidamente e encontrar a sala antes que o discurso começasse. Um atraso naquele momento poderia ter significado a perda de uma imagem crucial.
Outro aspecto essencial é a preparação meticulosa do equipamento. Durante uma cimeira da ONU em Nova Iorque, lembro-me de ter ficado preso em uma fila de segurança por meia hora. Com o tempo apertado e a possibilidade de perder o início das sessões, a tensão era alta. Carregar câmeras de alta resolução, objetivas versáteis, equipamentos de backup e acessórios de iluminação adequados é imperativo para garantir a captura de imagens de alta qualidade. Nesse caso, o preparo antecipado foi o que me salvou. Tive que correr para a sala, montar meu equipamento em tempo recorde e, ainda assim, consegui capturar o momento exacto em que uma importante declaração foi feita. A abordagem de Richard Avedon, um dos fotógrafos de moda mais influentes do século XX, reflete a importância de estar sempre preparado para capturar o inesperado. Sua capacidade de se adaptar rapidamente às situações permitiu-lhe criar alguns dos retratos mais icónicos de sua época. Assim como Avedon, aprendi que a agilidade e o preparo são essenciais para qualquer fotógrafo que deseje captar momentos únicos e irreversíveis.
Além disso, a aparência e o vestuário do fotógrafo desempenham um papel vital. Manter-se bem-apresentado em eventos de alto nível é essencial para a percepção de profissionalismo. Vestir-se de maneira adequada e comportar-se com decoro não só respeita os protocolos desses eventos, mas também pode abrir portas para novas oportunidades de trabalho e colaboração.
Em conclusão, ser um fotógrafo oficial é uma profissão que exige uma combinação única de habilidades técnicas, interpessoais e culturais. Os exemplos de fotógrafos renomados como Pete Souza, Yousuf Karsh, Ansel Adams, Sebastião Salgado e Richard Avedon servem como fontes de inspiração e reforçam a importância de se estar sempre preparado e disposto a superar os desafios que essa profissão impõe. Acredito firmemente que, com dedicação e uma constante busca pela excelência, é possível cumprir esse papel de forma a não apenas documentar, mas também preservar e celebrar a história que está sendo feita diante de nossas lentes.
sábado, 3 de agosto de 2024
A correria pela aquisição do equipamento fotográfico de topo vs. investimento em formação profissional em fotojornalismo: Uma análise crítica
Heroínas do fogo
ATÉ há algum tempo, o trabalho árduo de bombeiro, que demanda vigor físico e coragem inabalável, era dominado por homens. Contudo, esta tendência vai se invertendo nos quartéis do país. Hoje, as sirenes ecoam um novo capítulo na história desses serviços de emergência. Mulheres com determinação e habilidades excepcionais rompem as barreiras de género e algemam os limites das suas aspirações. Equipadas não apenas com uniformes, mas com a resiliência e o comprometimento indispensáveis para enfrentar incêndios e salvar vidas, destacam-se como pilares essenciais na protecção civil. Conforme documentam as imagens captadas em Maputo, durante o encerramento do vigésimo curso de bombeiro, pelo repórter fotográfico Carlos Uqueio, a presença feminina neste sector não apenas enriquece a diversidade dos corpos de emergência, mas também redefine o que significa ser um herói moderno. Com habilidades técnicas impecáveis e um profundo senso de empatia, elas combatem as chamas e inspiram comunidades inteiras, provando que o heroísmo não conhece limites de género. Elas desafiam preconceitos e abrem caminhos para futuras gerações, mostrando que, em qualquer área, a competência e a determinação são os verdadeiros critérios de sucesso. As suas histórias de superação e bravura são um testemunho vivo de que a igualdade de género não é apenas uma meta, mas uma realidade em construção. Assim, nos corações dos moçambicanos, o serviço de bombeiro transforma-se em símbolo de igualdade e progresso. Homens e mulheres, lado a lado, moldam um futuro onde a coragem e dedicação são os verdadeiros motores da segurança e bem-estar social. E cada sirene que soa é um lembrete que a verdadeira força de uma nação reside na união e valorização de cada indivíduo, independentemente do género e grau social.