Abu
Dhabi: uma cidade
camaleónica…
Texto: Belmiro
Adamugy
Fotos: Carlos Uqueio
Um navegador que teme perder a
margem de vista jamais conquistará sequer uma ilha, disse o famoso navegador Cristóvão
Colombo. Não poderia ser mais apropriada a frase para encimar a prosa restante…
uma prosa (in)completa sobre Abu Dhabi, a capital dos Emirados Árabes Unidos
(EAU).
(In)completa porque as obrigações
profissionais - cobertura da reunião intermédia da Aliança Global para Vacina e
Imunização - não o permitiram mas,
sobretudo, porque a imensidão da mesma e os encantos que esconde e revela são
incomensuráveis. A cada passo, uma surpresa. A cada olhar, uma revelação. A
Cidade apequena o indivíduo mas destaca o engenho humano. Enche o olho de quem
chega…
Os Emirados Árabes Unidos (EAU)
são uma federação de 7 emirados, nomeadamente Abu Dhabi, Dubai, Sharjah, Ajman,
Ras Al Khaimah, Umm Al-Quwain e Fujairah. A população
é de cerca de 10 milhões de habitantes sendo - interessante este detalhe -
apenas 12 por cento emiratis, 21 por cento indianos, 13 por cento
paquistaneses, entre outras nacionalidades. A língua oficial é o árabe mas
também se fala bastante inglês, hindi e urdu. A moeda é Dirham.
Essa profusão de línguas,
incluindo o castelhano, é “visível” a olho nu. É tanta gente, de origens
diferentes, se acotovelando nas ruas dia e noite. Dir-se-ia que a cidade nunca
dorme. 
Dubai é a cidade mais conhecida
mas a capital do Emirado é Abu Dhabi. É de lá onde o Principie - Herdeiro de
Abu Dhabi e Vice-Comandante Supremo das Forças Armadas Sheikh Mohammad bin
Zayed Al Nahyan dirige o país, desde 2014, por causa do estado de saúde do
Chefe de Estado Sheik Khalifa bin
Zayed Al Nahyan, que ascendeu ao trono após a morte do seu pai, Sheikh
Zayed bin Sultan Al Nahyan (primeiro presidente dos EAU desde a sua fundação,
há 47 anos, até 2004.
Aliás, as ruas de Abu Dhabi estão
prenhes de reclames luminosos, outdoors, bandeiras e cartazes anunciando
os 47 anos da fundação dos Emirados, cujo poder legislativo é unicamaral -
Conselho Nacional Federal, com 40 membros: 20 indicados pelos Emires e 20
eleitos. Cada mandato tem a duração de 2 anos. O Sistema
Político dos Emirados Árabes Unidos é constituído por um Conselho Supremo,
Conselho de Ministros, e Conselho Nacional Federal.
O Conselho Supremo é formado pelos sete Emires e reúne-se quatro vezes por
ano. Em cada cinco anos o Conselho vota para a escolha do Presidente e do
Vice-Presidente, sendo que os Emires de Abu Dhabi e de Dubai têm poder de veto.
Os EAU estão filiados a diversas entidades internacionais, sendo de
destacar a Organização
das Nações Unidas (ONU), Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP),
Liga Árabe, Conselho de
Cooperação do Golfo (GCC), Movimento dos Países não-Alinhados e Organização
da Cooperação Islâmica.
Detêm a
sexta maior reserva de petróleo e com um elevado rendimento per capita
(USD 68.600 em 2017) e um superávit comercial
anual considerável. De acordo com o Banco Mundial, o PIB per capita do país é o
20º maior do mundo e o segundo
maior do Médio Oriente, depois do Qatar.
As
exportações de petróleo e do gás natural desempenham
um papel importante na economia, especialmente em Abu Dhabi. Um boom na construção, uma base industrial em expansão
e um sector de serviços em crescimento contribuem
para a diversificação da base económica dos EAU. Exportam também peixe e
tâmaras.
Outra fonte
de divisas importante é a Autoridade de Investimento de Abu Dhabi, que controla
os investimentos de Abu Dhabi, gerindo
cerca de USD 360 mil milhões em
investimentos no exterior e cerca de USD 900 mil milhões em activos.
No início da
década de 1930, a primeira empresa petrolífera dos EAU realizou inquéritos
preliminares e o primeiro carregamento de petróleo bruto foi exportado de Abu Dhabi em 1962.
Com o aumento das receitas do petróleo, o Emir de Abu Dhabi, o Sheikh Zayed bin
Sultan Al Nahyan, empreendeu um programa de construção de escolas, habitação,
hospitais e rodovias. Quando as exportações de petróleo de Dubai começaram, em
1969, o Sheikh Rashid bin Saeed Al Maktoum, Emir de Dubai, também utilizou as reservas
de petróleo para melhorar a qualidade de vida da população…
E isso é
visível.
ABU
DHABI POR DENTRO
Abu Dhabi é
uma cidade viva. Dia e noite. Fervilha. É o símbolo da modernidade, do futuro.
Cidade rica e reservada. Apesar do enorme movimento de pessoas e carros, Abu
Dhabi, mantém uma certa quietude quase palpável. Mal se ouve uma buzinadela.
Não há polícias fiscalizando o tráfego ou peões. Isso está a cargo de câmaras
de vigilância… mas até isso parece dispensável tal é a ordem vigente.
As ruas,
largas e bem cuidadas; jardins verdejantes (note-se que a cidade foi erguida
num deserto) e edifícios majestosos a perder de vista. A cidade está repleta de arranha-céus de vidro e metal e praias. E ainda há
outros tantos em construção. Há tantas gruas pela cidade que cresce a olhos
vistos… num país que não tem um único rio natural mas não falta água!
Nos curtos
dias de estadia, foi possível perceber que todos os habitantes dos EAU andam na
“linha”. A Lei e Ordem imperam de verdade. Ninguém bebe na rua, os jardins não
são vandalizados, não há muros pinchados de palavras obscenas, os motoristas
obedecem aos sinais de trânsito… enfim a paz social reina…
E a cor da
paz é prevalecente. Os emires vestem-se exclusivamente de um branco imaculado.
A cor é apropriada para quem vive num ambiente hostil como é um deserto. O
branco reflecte os raios solares e dá uma sensação de frescura.
Abu Dhabi
também tem as suas torres gémeas, curiosamente, chamadas World Trade Centre.
Mas há um lugar mágico, a grande mesquita Sheik Zayed. É um edifício
impressionante com colunas cobertas de pedras semi-preciosas. Diz-se que tem o
maior tapete persa do mundo.
Abu Dhabi é luxo e ostentação mas também é cultura e religião. É o paraíso
para os fãs de arquitectura. É a maior cidade dos emirados e há quem diga que é
a mais rica… pelo menos Mukhtar Ahmad, o nosso motorista e cicerone, o afiança
antes de atirar que “Abu Dhabi é o melhor sítio para se viver”.
O Heritage village é também um lugar interessante. Para além de iguarias
locais, lenços e túnicas, foi construído no local uma réplica dos primeiros
edifícios erguidos no que é hoje Abu Dhabi. Casas de pedra, tendas e poços.
Também é possível ver cavalos e camelos. Uma forma interessante de preservação
da história.
A cidade também tem vários Malls (lojas de grandes superfícies) sendo que
alguns funcionam ininterruptamente mas o Marina Mall destaca-se. Localizado
próximo do Emirates Palace Hotel. Luxo puro, para além de lojas, restaurantes,
tem uma pista para patinagem no gelo.
Mukhtar
levou-nos ainda a Eithad Tower, que é um complexo de prédios que conta com
5 torres que estão localizados bem em frente ao hotel Emirates Palace. O lema
do Eithad Tower diz que as torres são um reflexo de tudo o que Abu-Dhabi será
num futuro próximo: moderno, luxuoso e sofisticado. 