segunda-feira, 12 de junho de 2023

                          Quando o galo cacareja

    

 Por Carlos Uqueio &  Pretilério Matsinhe(texto)

Todos os dias, tal como o sol, de forma religiosa, nunca falha no seu movimento de rotação, assim é também para algumas povoações do posto fronteiriço de Ressano Garcia. Faça sol, faça chuva, lá estão elas, com o sorriso no rosto, capulana na cintura e lenço na cabeça, com as suas mãos de guerreiras, mãos que lavram a terra, mãos com calos...lá estão elas em busca da vida. Quem fala da vida, se refere à água.

Com os seus bidons à cabeça, percorrem distâncias, galgam montanhas e levam do rio para casa o líquido precioso. Nessa empreitada, os petizes não ficam atrás. Também eles, montam nas suas cabeças bidons, vezes há que empurram carrinha de mão, juntam-se às mães e se ocupam das conversas da vida para enganar a tortuosa distância. É assim que vivem em Ressano, as imagens da lente poética de Carlos Uqueio atestam. E quando o galo cacareja, são de novo 5 horas da madrugada. O ciclo se repete. E a busca pela água é a mesma. É o preço para molhar a garganta...!










 


quarta-feira, 26 de abril de 2023

                                     Quando a mulher decide

                                    quebrar todas as barreiras

Por carlos Uqueio & Lucas Muaga

Publicado no Jornal Noticias, 21 de Abril de 2023

HOJE fala-se muito de mulheres empoderadas. Há até muitos artigos a falar deste fenómeno, tentando desmitificar ao máximo este conceito ligado à luta pela emancipação da mulher a todos os níveis. Entretanto, mais do que dar poder às mulheres, é necessário garantir que elas próprias criem condições para alcançá-lo e, à sua maneira, contribuírem para o desenvolvimento do país. Por isso, enche-nos de orgulho ver moçambicanas a quebrarem todas as barreiras sociais possíveis para sobressair na vida, como nos mostra esta pequena reportagem fotográfica de Carlos Uqueio, repórter de imagem do “Notícias”, que no âmbito das comemorações do mês da mulher moçambicana decidiu homenageá-la através da sua arte. E como a imagem vale mais do que mil palavras, deixamos o que resta por interpretar ao critério do caro leitor. 










 

quinta-feira, 23 de março de 2023


                                  Doha: um “deserto” de gente!

                                   

                                                         Publicado no jornal noticias, 18/03/2023

DOHA, capital do Qatar, é uma cidade turística cuja beleza “obriga” os visitantes a apreciarem-na ao detalhe. Foi o que fez o repórter de imagem do “Notícias” Carlos Uqueio durante a sua recente estadia naquele país. Chamou-lhe muita atenção o facto desta ser, com cerca de 956,4 mil habitantes, uma das cidades mais populosas do Qatar e, mesmo assim, como testemunham as suas fotos, continuar um “deserto” de gente. Uqueio observou ser muito raro encontrar nesta capital pessoas a passearem, pois os cidadãos estão sempre “escondidos” num determinado lugar, seja nas suas casas, carros, escritório, mesquita, restaurante, entre outros lugares.










 

terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

                                                 A lição do Dr. Leonardo Simão


Texto de Anabela Massingue, publicado na edição do dia 20 de Fevereiro 2023,Jornal Noticias

MUITAS vezes trilhamos um longo caminho entre colegas, quer na escola quer no trabalho, sem nos conhecermos ao certo. Praticamente fazêmo-lo em surdina, mesmo falando todos os dias uns com os outros. A caminhada é, às vezes, feita às cegas com uma dose de ilusão, sobretudo depois de descobrirmos que o nosso ou nossa  companheira da labuta não é o que sempre pensávamos que fosse.

Vem o introito a propósito de uns curtos, mas ricos minutos de conversa que acompanhei entre o antigo ministro da Saúde ou dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, como preferirmos, o Dr.Leonardo Simão e o fotojornalista da Sociedade do Notícias, Carlos Uqueio, que comigo fazia a equipa de trabalho.

Tudo aconteceu na sala da Fundação Joaquim Chissano, para onde eu e o Uqueio fomos entrevistar o Doutor Leonardo Simão. A ideia era para ouvir a sua sensibilidade em relação aos progressos científicos, levados a cabo pela Fundação Manhiça, através do seu Centro de Investigação em Saúde, o CISM.

Durante a entrevista os clics do Uqueio aconteciam continuamente. Afinal era essa a sua parte no trabalho. No fim da “conversa” foi a vez do nosso entrevistado fazer algumas perguntas ao fotojornalista. No início parecia algo a despropósito, mas por uns instantes descobri que se tratava de uma conversa rica de conteúdos, pois pude conhecer o outro lado do Uqueio, colega com quem palmilho a casa de profissão, há uns bons pares de anos.

O Dr. Simão quis saber o que inspirou o jovem a optar pela fotografia. Foi daí que fiquei a saber que houve um ídolo, cuja influência falou mais alto, ao ponto de Uqueio preterir outras habilidades adquiridas na formação, como o professorado em língua inglesa.

Soube igualmente que ele democratizou o seu conhecimento, dando o “BABA” da fotografia numa escola da Praça. Mas clicar, no dia-a-dia e comunicar por via da fotografia é o seu forte e, mais do que isso, uma paixão. Afinal, não há melhor coisa que a gente fazer e abraçar o que gosta.

Mais do que saber do lado profissional de Uqueio, a curiosidade de um dos homens da medicina e da diplomacia moçambicana chegou até às origens do fotógrafo, ao que explicou ser de Chicumbane, lá para as bandas do Xai-Xai, actualmente distrito do Limpopo.

Porque as coisas muitas vezes não caem do nada, foi dai que Simão nos revelou que Chicumbane foi a sua porta de partida na iniciação da carreira de médico de clínica geral.

Ele guarda boas recordações da sua passagem por Chicumbane, onde trabalhou em contacto geral com os pacientes, sem barreiras linguísticas, tal como acontece com muitos profissionais chamados a servir o país fora, pois ele é natural da província de Gaza.

Lamentei não ter lá ido preparada para ouvir um pouco da sua sabedoria e experiência, porque certamente sairia enriquecida em termos de assuntos. Em jeito de despedida e a acompanhar os visitantes, o Dr. Simão disse-me que não teria nada porque ele era uma fonte de informação que já tinha secado.

Só que, mesmo em tempos de secas severas, há quem consegue água para beber e dar de beber aos outros. Esta é uma prova de que o Dr. é uma fonte inesgotável, que inspira e, em segundo, dá lições de como as pessoas devem ser e estar, conhecendo-se, mutuamente, uma vez partilhando mesmos espaços, o dia-a-dia.

Muito obrigada por esta lição!