segunda-feira, 28 de outubro de 2024

                       Pés e pedais a palmilhar o futuro

Texto de Gil Filipe e fotos de Carlos Uqueio. Reportagem publicada no jornal noticias, 26/10/2024

A  ou aos pedais, estes petizes fazem vários quilómetros à busca do conhecimento. São de uma zona recôndita da província de Tete, onde estivemos recentemente, e fazem-se de sonhos e de perseverança. As longas distâncias que palmilham não são ferramenta para a desistência, antes para mais determinação na também longa distância que as separam do sonho de um amanhã risonho. Têm certeza disto porque dos pais e da comunidade em que estão inseridos recebem as mais belas - e certas - palavras de encorajamento: o amanhã depende delas, depende da sua dedicação hoje, da devoção que dão às suas ambições de futuro. Mais do que fotos, do nosso repórter Carlos Uqueio, mostramos hoje neste espaço passos e pedaladas rumo a um amanhã risonho para aqueles meninos.















terça-feira, 1 de outubro de 2024

 A Importância da Fotografia na Criação de Estátuas: Um Olhar Crítico

 Artigo de opinião escrito por: Carlos Uqueio, repórter e monitor em fotografia jornalística e documental.

A fotografia desempenha um papel fundamental na elaboração de estátuas, servindo como uma ponte entre o passado e a arte contemporânea. Obras como as estátuas de Samora Machel e Eduardo Mondlane, em Moçambique, são exemplos notáveis de como a fotografia é preservada e reinterpretada através da escultura. Importa referir que, no processo de elaboração dessas estátuas, os artistas tiveram que recorrer a fotografias feitas por fotógrafos renomados da época. Para os artistas, as fotografias do passado não apenas fornecem referências visuais, mas também capturam a essência dos indivíduos retratados, permitindo que suas histórias sejam contadas de forma mais autêntica

O uso de fotografias na escultura é apoiado por diversos estudiosos. O crítico de arte John Szarkowski argumenta que "a fotografia é uma forma de explorar a verdade da experiência humana" (Szarkowski, 1973). Esta verdade é essencial quando se busca recriar figuras históricas que representam identidades nacionais e colectivas. Ao se basear em fotografias, os artistas podem infundir suas obras com nuances emocionais e contextos sociais que, de outra forma, poderiam ser perdidos.

Outro autor relevante é Roland Barthes, que em seu ensaio "A Câmara Clara" fala sobre a relação entre a imagem fotográfica e a memória. Barthes afirma que "a fotografia não é apenas uma representação, mas também uma evidência do que foi" (Barthes, 1980). Essa evidência é crucial na construção de estátuas que desejam honrar figuras como Machel e Mondlane, cujas vidas e legados continuam a ressoar na sociedade contemporânea.

Entretanto, sem me envolver na polémica sobre a originalidade da estátua recentemente inaugurada em homenagem ao saudoso Eduardo Mondlane, considero inegável que o trabalho da fotografia é fundamental nesse processo criativo. O fotógrafo não apenas captura a aparência, mas também a essência de um momento e de uma pessoa, oferecendo ao artista uma base sólida para construir sua interpretação. Esse diálogo entre fotógrafo e escultor enriquece a obra final, transformando a estátua em um verdadeiro monumento à memória e à história

Portanto, a fotografia não deve ser vista apenas como uma ferramenta, mas como uma forma de arte que contribui significativamente para a criação escultórica. Reconhecer essa interdependência é essencial para entender o papel dos artistas que, através da escultura, preservam e reinterpretam a memória coletiva.

Referências pesquisadas

- Barthes, R. (1980). A Câmara Clara: Nota sobre a Fotografia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.

- Szarkowski, J. (1973). Looking at Photographs. Nova York: The Museum of Modern Art.

segunda-feira, 30 de setembro de 2024

 Moçambique Celebra 60 Anos das Forças Armadas de Defesa: Um Tributo à Bravura e Sacrifício

 

Fotos e texto: Carlos Uqueio

 

No dia 25 de setembro de 2024, Moçambique marcou um marco histórico ao celebrar os 60 anos da formação das suas Forças Armadas de Defesa. Esta data não é apenas uma comemoração, mas um tributo à bravura, ao compromisso e ao sacrifício de homens e mulheres que dedicaram suas vidas à proteção  e à soberania da nação.

Desde a sua criação, as Forças Armadas de Defesa de Moçambique desempenharam um papel crucial na luta pela independência e na manutenção da paz em um contexto desafiador. O seu trabalho incansável foi fundamental para garantir a estabilidade e a segurança do país, enfrentando diversas adversidades e desafios ao longo das décadas.

Neste dia especial, a nação rendeu homenagem a todos os que serviram e continuam a servir nas Forças Armadas de Defesa. A coragem e a dedicação desses homens e mulheres são dignas de reconhecimento e respeito, e sua história é uma fonte de inspiração para as futuras gerações.

A celebração dos 60 anos das Forças Armadas é, portanto, uma oportunidade para refletir sobre os desafios enfrentados e as conquistas alcançadas, reafirmando o compromisso de todos os moçambicanos em apoiar e valorizar aqueles que colocam a sua vida em risco pela defesa da pátria. Que a bravura dessas forças continue a ser uma luz orientadora para o futuro de Moçambique.


Fotos feitas na Avenida 10 de Novembro, na antiga FACIM












































terça-feira, 10 de setembro de 2024

 A importância da pesquisa e referência para fotojornalistas iniciantes na era digital

Artigo escrito por: Carlos Uqueio, repórter e monitor em fotografia jornalística e documental.
No fotojornalismo contemporâneo, a prática de investigar e se inspirar no trabalho de profissionais experientes é mais relevante do que nunca. Para os principiantes, a pesquisa de trabalhos publicados nas redes sociais, como Facebook e Instagram, bem como em jornais eletrônicos e impressos, é essencial para o desenvolvimento de habilidades e a formação de uma visão crítica e ética. Este processo de imersão no trabalho de profissionais maduros oferece uma série de vantagens que vão além da simples observação de técnicas e estilos.
Com o advento das redes sociais e das plataformas digitais, o acesso a uma vasta gama de fotografias tornou-se mais fácil e rápido. No Facebook e no Instagram, fotojornalistas experientes frequentemente compartilham seu trabalho, oferecendo aos principiantes uma rica fonte de inspiração e aprendizado. O fotógrafo e educador Fred Ritchin, em "After Photography" (2008), destaca que a exposição a diversos estilos e técnicas, como as que são visíveis nas redes sociais, pode acelerar o desenvolvimento técnico e criativo dos novos profissionais. Observando como os especialistas utilizam diferentes abordagens para capturar e narrar eventos, os iniciantes podem adaptar essas técnicas ao seu próprio estilo e aprimorar suas habilidades.
Além das redes sociais, eu tenho tido o hábito de consultar jornais eletrônicos e impressos proporcionando-me uma visão mais abrangente do contexto em que as fotografias são feitas. De acordo com David Campbell em "Photojournalism: A Social and Visual History" (2007), a análise de como os profissionais maduros abordam temas complexos e sensíveis em suas reportagens ajuda os principiantes a compreender a responsabilidade ética e a narrativa envolvida no fotojornalismo. A exposição ao trabalho publicado em diversos meios permite que os novatos vejam como diferentes contextos e histórias são apresentados e discutidos, o que é crucial para a formação de uma abordagem ética e bem-informada.
A capacidade de desenvolver uma visão crítica é outro benefício significativo da pesquisa contínua. Susan Sontag, em "Sobre a Fotografia" (1977), ressalta que a fotografia não é apenas uma representação, mas também uma interpretação do mundo. Para os principiantes, a análise crítica das fotografias de profissionais estabelecidos, acessíveis através de redes sociais e publicações, permite que desenvolvam uma compreensão mais profunda das escolhas visuais e narrativas feitas. Esse processo de crítica e reflexão ajuda a aprimorar o próprio trabalho e a evitar erros comuns.
No cenário atual, onde as redes sociais e os meios digitais oferecem uma infinidade de recursos visuais, é fundamental que os fotojornalistas iniciantes se envolvam activamente na pesquisa de trabalhos de profissionais experientes. A observação e análise das fotografias compartilhadas no Facebook e Instagram, bem como das publicações em jornais eletrônicos e impressos, são ferramentas valiosas para o aprimoramento técnico, a compreensão ética e o desenvolvimento de uma visão crítica. Ao se imergir no trabalho de outros profissionais, os iniciantes não só enriquecem seu conhecimento, mas também se preparam melhor para contribuir de maneira significativa para o campo do fotojornalismo.
Referências pesquisadas
CAMPBELL, David. Photojournalism: A Social and Visual History. Oxford University Press, 2007.
RITCHIN, Fred. After Photography. W.W. Norton & Company, 2008.
SONTAG, Susan. Sobre a Fotografia. Editora Paz e Terra, 1977.