domingo, 21 de julho de 2024

O poder das imagens: Fotojornalismo profissional versus uso de fotos da internet

Por: Carlos Uqueio, repórter e monitor em fotografia jornalística e documental
No dinâmico universo do jornalismo contemporâneo, a escolha entre utilizar fotos encontradas na internet e contratar um profissional de fotojornalismo é um tema de extrema relevância. A facilidade de acesso às imagens online oferece conveniência, porém traz consigo desafios significativos que podem comprometer a integridade e a qualidade das publicações impressas.
Atração e Armadilhas das Imagens Online
Segundo o American Press Institute, a facilidade de acessar uma vasta gama de fotos online permite uma resposta rápida às necessidades de conteúdo visual. Jornalistas e editores podem encontrar imagens em bancos de imagens, redes sociais e sites de compartilhamento, facilitando a ilustração das matérias com rapidez. No entanto, como alertado pelo The Guardian, o uso de fotos da internet apresenta desafios sérios em termos de autenticidade e ética. Imagens encontradas online podem ser descontextualizadas, editadas ou até mesmo manipuladas, comprometendo a veracidade das informações transmitidas. Além disso, questões legais surgem frequentemente quando há violação de direitos autorais ou uso indevido de imagens protegidas.
O Valor do Fotojornalismo Profissional
Contrastando com a conveniência das fotos da internet, profissionais de fotojornalismo, conforme discutido pelo Poynter, trazem uma série de vantagens cruciais para publicações impressas. Fotojornalistas experientes não apenas capturam imagens autênticas e contextualizadas, mas também possuem a habilidade de contar histórias visualmente. Suas competências técnicas e estéticas permitem a transmissão de emoções, nuances e detalhes que uma foto genérica da internet pode não capturar. Além disso, esses profissionais entendem a ética envolvida na captura de imagens, respeitando a privacidade das pessoas e garantindo a precisão e a objetividade das representações visuais. Trabalham em estreita colaboração com jornalistas para garantir que as imagens complementem e reforcem a narrativa textual, elevando o impacto e a credibilidade das reportagens.
A prática de jornais moçambicanos recorrerem a fotos da internet em vez de contratarem fotojornalistas é altamente problemática e merece crítica justificada. Ao optarem por utilizar imagens genéricas da internet, esses jornais estão perdendo uma oportunidade crucial de oferecer ao público reportagens visuais autênticas e contextualmente relevantes.
Contratar fotojornalistas não apenas valoriza o trabalho desses profissionais dedicados, que têm o conhecimento local e a sensibilidade necessária para capturar imagens significativas, mas também garante que as histórias sejam contadas com a profundidade e a autenticidade que apenas um olhar treinado pode proporcionar. Ao escolher fotos da internet, os jornais sacrificam a qualidade visual e editorial de suas publicações, muitas vezes comprometendo a precisão e a integridade das histórias que estão sendo relatadas.
Além disso, ao não investir em fotojornalistas, os jornais perdem a oportunidade de apoiar e fortalecer a indústria de fotojornalismo em Moçambique, privando os profissionais locais de oportunidades de trabalho e desenvolvimento de suas habilidades. Isso não apenas empobrece a diversidade de perspectivas visuais nas mídias, mas também prejudica a profissão como um todo ao desvalorizar o trabalho especializado dos fotojornalistas.
Portanto, é essencial que os jornais moçambicanos reavaliem suas práticas editoriais e reconheçam a importância de investir no fotojornalismo local como um componente vital para o jornalismo de qualidade e para a promoção de uma narrativa visual autêntica e ética.
Conclusão
Em suma, embora o uso de fotos da internet ofereça conveniência imediata, ele também acarreta riscos substanciais que podem comprometer a integridade jornalística. Investir em fotojornalismo profissional não apenas mitiga esses riscos, mas também enriquece o conteúdo visual com qualidade, autenticidade e profundidade narrativa. Em um ambiente onde a precisão e a confiança são fundamentais, a expertise de um fotojornalista continua a ser um diferencial inestimável para jornais impressos comprometidos com a excelência editorial.
*Referências:*
- American Press Institute. (2023). The role of photojournalism in digital storytelling. Recuperado de [https://www.americanpressinstitute.org/role.../](https://www.americanpressinstitute.org/role.../)
- The Guardian. (2022). Why photojournalism is still important in a digital age. Recuperado de [https://www.theguardian.com/why-photojournalism-important...](https://www.theguardian.com/why-photojournalism-important...)
- Poynter. (2021). The ethics of using internet-sourced images in news coverage. Recuperado de [https://www.poynter.org/ethics-using-internet-sourced...](https://www.poynter.org/ethics-using-internet-sourced...)

 Manipulação de Imagens no fotojornalismo: limites éticos na edição.

Por: Carlos Uqueio, repórter e monitor em fotografia jornalística e documental.
A manipulação de imagens é uma prática que suscita debates éticos significativos no contexto jornalístico e midiático contemporâneo. Com o avanço da tecnologia, as ferramentas de edição permitem não apenas correções simples, mas também alterações que podem distorcer a realidade de maneiras diversas.
Segundo Jay Rosen, professor de jornalismo da Universidade de Nova York, a manipulação de imagens no fotojornalismo pode comprometer a integridade e a confiabilidade das informações transmitidas ao público. Rosen enfatiza que a precisão factual é essencial para a credibilidade do jornalismo, e qualquer alteração em uma imagem deve ser claramente comunicada ao público para evitar distorções enganosas (Rosen, 2015).
Outro aspecto crítico é a preocupação com a privacidade e a dignidade das pessoas retratadas. Neil Postman, em seu livro "Amusing Ourselves to Death", discute como a manipulação de imagens pode ser utilizada para distorcer a percepção pública de eventos e indivíduos, influenciando indevidamente a opinião das pessoas (Postman, 1985).
Para mitigar esses problemas éticos, organizações como a Society of Professional Journalists (SPJ) estabelecem diretrizes rigorosas para o uso ético de imagens. As diretrizes da SPJ enfatizam a necessidade de transparência sobre qualquer alteração feita em uma imagem e a importância de preservar a precisão factual (SPJ, 2014).
Em um artigo recente, Susan Sontag argumenta que a manipulação de imagens não é apenas uma questão técnica, mas também uma questão moral. Sontag destaca que a manipulação pode distorcer a verdade e criar uma falsa impressão de eventos ou indivíduos, impactando negativamente a confiança pública na mídia (Sontag, 2003).
Diante dessas perspectivas, fica evidente que a ética na manipulação de imagens é fundamental para a integridade jornalística e para a manutenção da confiança do público. É imperativo que jornalistas e editores adotem práticas transparentes e responsáveis ao trabalhar com imagens, garantindo que a informação visual transmitida seja precisa, ética e fiel aos fatos.
Pode um fotojornalista manipular imagens?
A resposta é NÃO, pois um fotojornalista não deve manipular imagens na edição de uma forma que altere a realidade dos eventos documentados. A ética jornalística exige que as fotografias jornalísticas sejam precisas e representem fielmente os acontecimentos conforme foram testemunhados pelo repórter. Pequenos ajustes de cor, brilho, contraste, nitidez e recorte são geralmente aceitáveis para melhorar a qualidade visual, mas manipulações que alterem o contexto, removam ou adicionem elementos de forma enganosa são consideradas antiéticas. Manipulações desse tipo podem distorcer a verdade e comprometer a credibilidade do jornalista e da publicação.
*Referências:*
- Rosen, J. (2015). "The Image: Knowledge in Life and Society." New York University Press.
- Postman, N. (1985). "Amusing Ourselves to Death: Public Discourse in the Age of Show Business." Penguin Books.
- Society of Professional Journalists (SPJ). (2014). "Code of Ethics." Retrieved from https://www.spj.org/ethicscode.asp
- Sontag, S. (2003). "Regarding the Pain of Others." Farrar, Straus and Giroux.

segunda-feira, 15 de julho de 2024

                         Quando o lixo enfeita a capital

Por Carlos Uqueio, publicado na edição do jornal Noticias,13/07/24 

O LIXO voltou a “assombrar” as ruas da capital do país. Esta pequena mostra fotográfica do repórter de imagem Carlos Uqueio não nos deixa mentir. Maputo enfrenta um grave problema na gestão do lixo como é visível em muitas esquinas. A colecta irregular e a falta de consciencialização resultam numa paisagem urbana desoladora, onde sacos plásticos e restos de alimentos acumulam-se rapidamente. E as consequências vão além da estética da urbe, pois os resíduos atraem pragas e poluem a água. A transformação de Maputo numa cidade limpa e comprometida com o meio ambiente depende do compromisso de todos nós. No entanto, apela-se às autoridades a colocarem as mãos à obra. Que se inconformem perante tamanha anomalia.












quarta-feira, 10 de julho de 2024

                            Buracos nas vias da Cidade de Maputo

Texto e fotos: Carlos Uqueio- repórter e monitor em fotografia jornalística e documental 


Nos últimos meses, os motoristas que trafegam pelas estradas da cidade de Maputo têm enfrentado um desafio crescente: os buracos que têm surgido e se expandido rapidamente nas vias urbanas.Esses buracos não apenas representam perigo para a segurança dos condutores, mas também têm causado danos significativos aos veículos dos moradores locais.


Os relatos de motoristas frustrados são frequentes, com muitos compartilhando histórias de pneus furados, rodas danificadas e suspensões comprometidas devido aos impactos com os buracos. Em casos extremos, alguns veículos têm ficado inutilizáveis, necessitando de reparos caros e imprevistos. Ao percorrer as principais vias da cidade rapidamente, é possível observar a presença de crateras profundas em vários pontos críticos, como na Avenida Julius Nyerere e na Avenida Eduardo Mondlane, entre outros locais.


A situação se agrava durante períodos chuvosos, quando os buracos se enchem de água, tornando-se ainda mais difíceis de serem evitados pelos motoristas.















quinta-feira, 4 de julho de 2024

 Sensibilidade no olhar fotográfico: Uma jornada de profundidade e reflexão.



Artigo de opinião escrito por: Carlos Uqueio, repórter e monitor em fotografia jornalística e documental
A arte da fotografia transcende a simples captura de imagens; ela é um reflexo da nossa percepção e sensibilidade em relação ao mundo. Neste contexto, aprimorar o olhar fotográfico não é apenas um processo técnico, mas uma jornada de autoconhecimento e conexão com a essência das coisas.
Como fotojornalista, tenho experimentado o poder transformador de enxergar além do visível. Cada fotografia não é apenas um registro, mas uma interpretação pessoal do momento presente. É uma tentativa de capturar não só a luz e a forma, mas também a alma que habita cada cena.
Desenvolver sensibilidade fotográfica vai muito além de dominar as técnicas de composição e exposição. É preciso estar atento aos detalhes sutis: a interação entre a luz e sombra que revela texturas ocultas, o instante fugaz que captura uma emoção genuína, ou o ângulo que revela uma história inédita.
Ao longo da minha jornada profissional, tenho aprendido que a verdadeira beleza da fotografia reside na capacidade de transmitir emoções complexas através de imagens aparentemente simples. Cada clique da câmera é uma escolha consciente de como interpretar o mundo e compartilhar essa interpretação com os outros.
Para mim, a fotografia não é apenas um meio de expressão artística, mas uma forma de explorar e compreender melhor o mundo ao meu redor. Cada projecto fotográfico é uma oportunidade para mergulhar em novas perspectivas, desafiar preconceitos e revelar verdades universais através da lente da minha câmera.
Convido todos os amantes e apreciadores da fotografia jornalística a se juntarem a mim nessa jornada de descoberta e autoexpressão. Que possamos todos explorar as profundezas da nossa criatividade e sensibilidade, capturando não apenas imagens, mas também histórias que inspiram, provocam e unem pessoas de diferentes culturas e origens.
Que cada fotografia seja uma reflexão do nosso compromisso com a beleza, a verdade e a compaixão. Que possamos usar nossa arte não apenas para documentar o mundo, mas para transformá-lo positivamente, despertando consciências e celebrando a diversidade que enriquece nossa experiência humana.
Nesta jornada contínua de crescimento e aprendizado, que cada novo clique nos aproxime um passo mais perto da perfeição técnica e da profundidade emocional que buscamos alcançar como fotojornalistas e como seres humanos.
Um abraço fraternal

sexta-feira, 28 de junho de 2024

                       Clicando fotos VS fotos que impactam

Por: Carlos Uqueio, repórter e monitor em fotografia jornalística e documental
Nos últimos anos, a fotografia passou por uma transformação significativa. Com o avanço tecnológico e a democratização dos equipamentos, o acto de capturar imagens tornou-se universal.
Entretanto, o que realmente distingue uma fotografia hoje em dia? Segundo o renomado fotojornalista indiano Jayanth Sharma, a resposta vai além do simples acto de pressionar o obturador.
Em uma era em que todos podem ser fotógrafos, o desafio reside em criar imagens que transcendam o comum e realmente ressoem com o espectador. Jayanth Sharma ressalta que não basta apenas "clicar fotos", é necessário buscar criar imagens que contem histórias, que transmitam emoções profundas, que provoquem reflexão e que deixem uma marca duradoura na mente de quem as vê.
O aumento exponencial no número de fotógrafos e na produção de conteúdo visual significa que há uma inundação constante de imagens competindo por nossa atenção. Nesse cenário saturado, a qualidade e o impacto das fotos se tornam ainda mais cruciais. É preciso mais do que técnica e equipamento avançado; é necessário um olhar sensível, uma capacidade de capturar momentos fugazes e uma habilidade de transformar o ordinário em algo extraordinário.
"É aí que aprender não apenas a clicar fotos, mas a criar fotos que realmente impactam faz toda a diferença", afirma Jayanth Sharma. A fotografia não é apenas uma representação visual, mas uma forma de arte que pode inspirar, informar e provocar mudanças. Fotos que impactam não são apenas vistas, são sentidas. Elas têm o poder de conectar pessoas, de narrar histórias silenciosas e de capturar a essência de um momento de forma tão visceral que transcende a simples apreciação visual.
Portanto, em um mundo inundado de imagens efêmeras, a busca por fotos que impactam não é apenas um desafio, mas uma necessidade. É um chamado para os fotógrafos não apenas capturarem o momento, mas para elevarem sua arte a um nível que inspire e deixe uma marca indelével na história visual de nosso tempo.
Fonte:
Jayanth Sharma, fotojornalista indiano de Vida Selvagem, Co-fundador e CEO da Toehold Travel.

quarta-feira, 26 de junho de 2024

                            Guardiões da esperança


Texto e fotos de Carlos Uqueio, ''in Jornal Noticias'', Dia 22/06/2024

No vasto horizonte de desafios e bravuras, emerge a figura do soldado moçambicano, um guardião das terras sagradas da pátria, cujo valor ressoa como um hino de coragem e sacrifício. Estas imagens, captadas em Munguine, Manhiça, pelo repórter fotográfico do Notícias, Carlos Uqueio, mostram que, com passos firmes sobre a terra vermelha da sua pátria, o soldado carrega consigo não apenas o peso da sua farda, mas também o orgulho da sua história, enraizada na luta pela liberdade e na defesa da nação. Nas selvas densas e nos campos áridos, ele é a sentinela incansável, protegendo os alicerces da sociedade com o seu compromisso inabalável. A sua determinação é como um farol em meio a escuridão da incerteza, inspirando esperança e confiança em tempos de adversidade. Com cada missão cumprida, ele escreve um novo capítulo na epopeia da segurança nacional, onde o seu heroísmo ecoa como um tributo aos que vieram antes dele e como uma promessa para as gerações futuras. A bravura do soldado moçambicano é a chama que ilumina o caminho da justiça e da paz. Os seus feitos são como pérolas preciosas, adornando a coroa da nação com honra e glória. Em ti, o povo encontra o verdadeiro significado do amor pela terra e pela humanidade.