O peixe nosso de cada dia...
Nem só de pão viverá o Homem... afinal é preciso variar os alimentos; daí que seja necessário buscar, diariamente, os nutrientes para o corpo e para alma. Sendo verdade que, entre nós, preocupa mais o corpo do que a alma. É que somos uma nação martirizada... se não é o fogo das armas, é a fúria da natureza. Mas, porque somos feitos de material de primeira, aguentamos firmes.
Era melhor acordarmos cedo. Mesmo antes de a noite ceder o seu lugar ao dia, já estamos na luta pela sobrevivência. É que as crianças lá em casa não querem saber de Produto Interno Bruto ou a relação entre a Procura e a Oferta. O que querem, mesmo, é o pão nosso de cada dia. O resto fica para os outros... muito outros!
E os outros são aqueles que, com as mãos gretadas pelo sal, pelo vento e pelas incertezas, buscam na névoa o que alimentar os outros, e o peixe que o mar, generosamente, doa não é tão acessível assim.... Culpa nossa que, na ingratidão que nos cerca, deitamos para as águas toda a sorte de inutilidades e, imagine-se, queremos em troca o alimento para as nossas bocas.... Um dia o mar vai se zangar!
Mas, enquanto isso não acontece, é vê-los antes mesmo do sol espreitar, a trazerem a magumba dos nossos estômagos (diz-se que sabe bem com uma xima de milho); tal magumba passa de várias mãos antes de cair na brasa que a dará um aspecto mais convidativo, e, se temperado com sal rosado e limão... hum!
Mas, o último na cadeia nem imagina quão penoso é o processo para se ter à mão tal iguaria. Olhando para estas imagens – captadas pela retina de Carlos Uqueio – pode-se ter uma ideia da "caminhada” do peixe desde as profundezas do mar até às nossas mesas... há, de permeio, o famoso grito "a magumba halenooo”... que desperta a gula e faz brilhar os olhos de quem aguarda ansiosamente pelo peixe nosso de cada dia!
Texto-Belmiro Adamugy
Fotos-Carlos Uqueio
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