quinta-feira, 20 de junho de 2024

 Harmonia e Colaboração: A importância da coordenação entre o repórter de escrita e o fotojornalista na criação de reportagens.

Por: Carlos Uqueio, repórter e monitor em fotografia jornalística e documental

 

Na era da informação, onde uma imagem vale mais que mil palavras e o texto detalha o contexto, a sinergia entre o repórter de escrita e o fotojornalista se torna crucial para a produção de reportagens impactantes e informativas. Para explorar essa relação,mantive uma conversa com alguns profissionais que trabalham nesta área, nomeadamente: Jerónimo Muainga e Sérgio Ribé. Suas perspectivas elucidam a importância de uma colaboração harmoniosa no jornalismo contemporâneo.

Planejamento e Sincronia

A reportagem é uma narrativa que se constrói a partir de diferentes elementos – texto, imagens, vídeos, entre outros. Quando esses elementos não estão alinhados, a mensagem final pode se tornar confusa ou incoerente. Conforme Ribé observa, “muitas vezes tem se publicado fotografias que não vão de acordo com o texto e vice-versa”. Essa desarmonia pode enfraquecer o impacto da reportagem e, em casos mais graves, levar à desinformação.

Jerónimo Muainga, enfatiza que o planejamento conjunto e antecipado é o primeiro passo para uma reportagem bem-sucedida. “O alinhamento inicial entre o repórter e o fotojornalista é essencial. Devemos compartilhar o mesmo entendimento sobre o tema e os objetivos da reportagem. Isso inclui discutir quais aspectos queremos destacar e como podemos complementá-los visual e textualmente”, explica Muainga.

A Busca pela Narrativa Visual

Sérgio Ribé, acrescenta que a sinergia se estende ao campo. “O repórter e eu devemos trabalhar em constante comunicação. Durante a cobertura, é crucial que ambos saibamos o que o outro está procurando. Eu, como fotojornalista, busco capturar imagens que complementem a narrativa escrita, enquanto o repórter deve estar atento às cenas que podem render boas fotos”, relata Ribé.

Confiança Mútua e Respeito Profissional

Jerónimo Muianga, sublinha a necessidade de confiança mútua e respeito pelo trabalho do outro. “A relação entre o repórter e o fotojornalista deve ser baseada na confiança. O repórter confia que o fotojornalista captará as imagens que enriquecem a narrativa, e o fotojornalista acredita que o repórter escreverá um texto que contextualize suas fotos de maneira significativa. Esse respeito mútuo é o alicerce de uma boa reportagem”, destaca Muianga.

Conclusão

A colaboração entre repórter de escrita e fotojornalista é um processo dinâmico que exige comunicação constante, planejamento conjunto, flexibilidade e, acima de tudo, confiança mútua. Com esses elementos, os jornalistas podem criar reportagens que não só informam, mas também emocionam e envolvem o leitor, oferecendo uma visão completa e multifacetada dos acontecimentos.

Em um mundo cada vez mais visual, a sinergia entre texto e imagem não é apenas desejável, mas essencial para o jornalismo de qualidade. A experiência e insights de Jerónimo Muainga e Sérgio Ribé reforçam essa verdade e servem como guia para futuras gerações de fotojornalistas.

 

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