sábado, 2 de novembro de 2024

 A omissão da assinatura nas fotografias jornalísticas: Uma ameaça ao valor do profissional e à credibilidade da Imagem

Artigo de escrito por: Carlos Uqueio, repórter e monitor em fotografia jornalística e documental

A prática de não creditar as fotografias publicadas na imprensa tem se tornado comum, e esse comportamento ameaça a ética jornalística e desvaloriza o trabalho dos repórteres fotográficos. A ausência da assinatura nas fotos desconsidera o esforço, a dedicação e o olhar crítico desses profissionais, que trabalham para capturar imagens que enriquecem e contextualizam as notícias. Como argumenta Barthes (1984), a fotografia é uma linguagem visual única que carrega o olhar subjectivo do fotógrafo sobre o mundo. Dessa forma, omitir o crédito significa, em última instância, ignorar o direito de autoria e reduzir a imagem a uma mera ilustração, enfraquecendo seu valor narrativo e informativo.

 

Desvalorização do Profissional e Impacto na Motivação

Para o repórter fotográfico, a assinatura é uma forma essencial de reconhecimento. A omissão do crédito o priva de visibilidade, invisibilizando seu trabalho e comprometendo o desenvolvimento de sua carreira. Em um mercado jornalístico cada vez mais competitivo, o fotógrafo depende de sua reputação para avançar profissionalmente. Quando os jornais optam por publicar imagens sem o nome do autor, enfraquecem essa construção de credibilidade, o que desmotiva o profissional e leva, eventualmente, ao enfraquecimento do próprio jornalismo visual.

Perda de Credibilidade e Risco de Manipulação

A assinatura em uma fotografia não é apenas uma formalidade, mas um selo de autenticidade e responsabilidade. Roland Barthes (1984), em sua obra A Câmara Clara, salienta que a fotografia é uma forma de interpretação visual da realidade e que a presença do autor torna a imagem mais credível e contextualizada. Ao omitir o nome do fotógrafo, os jornais correm o risco de tornar as imagens mais vulneráveis a questionamentos sobre sua origem e veracidade, o que, em última análise, prejudica a credibilidade da publicação. Esse tipo de omissão pode abrir espaço para o uso indevido ou manipulação das fotos, gerando desinformação e colocando em risco a confiança do público.

 

Violação dos Direitos Autorais

As fotografias são protegidas pela legislação de direitos autorais, que garante ao fotógrafo o direito de ser reconhecido como autor de sua obra. Ao não creditar as imagens, os jornais infringem esse direito fundamental, desrespeitando o repórter fotográfico e expondo-se a possíveis disputas legais. Barthes (1984) ressalta que a fotografia possui um valor simbólico e cultural que precisa ser reconhecido, e o crédito é uma forma de respeitar esse valor, além de ser uma proteção para a própria integridade do trabalho jornalístico.

 

Conclusão

O crédito na fotografia é uma prática simples, mas essencial para o respeito ao repórter fotográfico e para a manutenção da ética no jornalismo. Ignorar essa prática não apenas desvaloriza o profissional, mas também enfraquece a confiança do público no conteúdo visual apresentado. Como destaca Barthes (1984), a imagem não é apenas um reflexo do real, mas uma interpretação subjectiva do fotógrafo, e reconhecer essa autoria é fundamental para proteger o valor e a credibilidade da informação jornalística. Portanto, é fundamental que os jornais resgatem o compromisso com a transparência e o respeito pelo trabalho de seus colaboradores, reafirmando a importância da assinatura nas fotografias.

 

Referência pesquisada

- Barthes, R. (1984). A Câmara Clara: Nota Sobre a Fotografia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.

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