O Regresso triunfal de Venâncio Mondlane: Um Dia Histórico no Aeroporto Internacional de Mavalane
Na manhã chuvosa de 9 de janeiro de 2025, a história política de Moçambique viveu mais um capítulo marcante com o regresso do candidato presidencial Venâncio Mondlane ao país. Apesar de eu estar de férias, a minha paixão pela cobertura de momentos históricos obrigou-me a pegar um comboio rumo ao Aeroporto Internacional de Mavalane, com o objectivo de fotografar este retorno tão esperado quase por todos.
Após desembarcar do comboio, caminhei decidido até ao terminal internacional. No entanto, o percurso foi repleto de obstáculos. As FDS já haviam bloqueado o acesso ao terminal, permitindo apenas a entrada de pessoas com viagens marcadas. Até mesmo jornalistas enfrentaram dificuldades para se aproximar. Por sorte, consegui passar, mesmo diante de um ambiente tenso e restrito.
A vibração do dia atingiu o clímax quando foi anunciado que o vôo trazendo Venâncio Mondlane já estava em solo pátrio. A multidão que se encontrava nas proximidades explodiu em celebração. Já posicionado com a minha câmera, aproveitei cada instante para registrar as imagens marcantes daquele momento.
Após desembarcar e falar brevemente à imprensa, Mondlane seguiu em caravana rumo ao mercado Estrela Vermelha, acompanhado por uma multidão eufórica. Eu, juntamente com colegas do jornal Savana, entre eles Ilec Vilanculos, Argunaldo Nhampossa e o motorista Danilo, seguimos o cortejo pela avenida dos Acordos de Lusaka, que estava completamente lotada por pessoas de todas as idades. A magnitude daquela multidão foi algo sem precedentes para mim. A única referência similar que tinha eram vídeos do funeral do ex-presidente Samora Machel.
Ao chegar ao mercado Estrela Vermelha, um local que já transbordava de apoiantes, Venâncio Mondlane subiu em seu veículo, rodeado por seguranças, e iniciou um breve discurso. Segurando uma Bíblia, declarou com firmeza: "Não irei esperar até o dia 15 de janeiro para ser empossado; agora mesmo me declaro presidente de todos os moçambicanos." Essas palavras inflamaram ainda mais os ânimos, e a multidão respondia em uníssono, gritando seu nome.
De repente, o som de balas disparadas rompeu o entusiasmo. Ninguém sabia ao certo de onde vinham, mas era evidente que se tratava da Unidade de Intervenção Rápida, que bloqueava todas as vias de acesso ao local. O comício foi interrompido imediatamente, e Mondlane foi levado às pressas em seu carro.
O pânico tomou conta da multidão. Pessoas corriam em todas as direções, sem rumo, buscando segurança. Eu mesmo tive que abandonar o local às pressas, priorizando minha própria segurança. Apesar do caos, senti que havia cumprido minha missão de documentar um dia que ficará para sempre marcado na memória colectiva do país.
Diante deste acontecimento, resta saber como os próximos capítulos dessa história se desenrolarão.
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