A Lente do Fotojornalismo na cobertura das manifestações
Cronica publicada no jornal domingo, 1.12.2024
Na quarta-feira desta semana, nossa equipe de reportagem, composta por mim, Walter Mbenhane, Jerónimo Muianga (fotojornalista), e o motorista Hermínio Madime, embarcou em uma missão desafiadora e histórica, passando pela Baixa da Cidade, Bairro das Mahotas, Albasine, Zimpeto, e Bagamoyo. Iniciamos nossa jornada pela Avenida 25 de Setembro, onde a circulação de veículos estava proibida devido às manifestações intensas. No entanto, a lucidez do povo permitiu que nosso carro de reportagem passasse.
Nossa primeira parada foi na Baixa da Cidade, onde o clima de tensão era palpável. Manifestantes bloqueavam as ruas com barricadas, e nós, equipados com câmeras e bloco de notas, registávamos cada detalhe. A cada clique da minha câmera, eu buscava não apenas capturar imagens, mas contar histórias, documentar a realidade daquilo que por ali se passava.
De lá, seguimos para o Bairro das Mahotas. A situação era similar: barricadas, pessoas nas ruas, algumas cozinhando em fogareiros improvisados, outras jogando futebol nas principais vias, e outras bebendo e tocando música em alto volume, transformando as ruas em um espetáculo anárquico. Hermínio Madime, com sua calma e habilidade extraordinárias, conduziu-nos com segurança por esse cenário de caos. Sua serenidade foi essencial para garantir nossa integridade e a continuidade do nosso trabalho.
Em Albasine, encontramos um cenário igualmente caótico. Barricadas bloqueavam as ruas, e fomos obrigados a descer do carro diversas vezes para dialogar com os manifestantes, explicando nossa missão de reportar os acontecimentos. A cada obstáculo, meu trabalho como fotojornalista tornava-se mais desafiador, mas também mais significativo. Capturar esses momentos de tensão e resistência era crucial para documentar a realidade do dia.
Nossa jornada levou-nos então a Zimpeto, onde a situação parecia ainda mais intensa. O calor de 40°C tornava a tarefa de reportar ainda mais extenuante, mas a determinação de nossa equipe não esmoreceu. Continuamos a registar as cenas de desespero e esperança, capturando a essência dos momentos.
Chegamos a Bagamoyo, onde encontramos uma mistura de caos e resiliência. Pessoas caminhavam longas distâncias a pé, já que muitos carros particulares e transportes públicos estavam paralisados. O medo era palpável, mas também havia uma sensação de comunidade e solidariedade entre os manifestantes.
Finalmente, retornamos à redação para preparar o material para edição do dia seguinte. Exaustos, mas conscientes da importância do nosso trabalho, revisamos as imagens e os relatos colectados ao longo do dia. A maior lição deste dia foi o respeito do povo pelo trabalho jornalístico. Mesmo em meio ao tumulto, a imprensa foi reconhecida e respeitada por seu papel crucial na documentação e divulgação da verdade.
No meu trabalho como fotojornalista, vi a importância de estar presente, de capturar a essência dos momentos e de contar as histórias que precisam de ser contadas. As imagens capturadas hoje serão um legado para as futuras gerações, um testemunho visual de um dia que ficará marcado na história. Em última análise, fica a certeza de que o jornalismo triunfará, perpetuando sua missão de informar com imparcialidade.
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