sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

                                         Um adeus artístico a Atanásio Nyusi








 

É educado bem-dizer de quem se parte. Por razões religiosas ou de pudor dos perecidos só se diz o bem. Quer dizer, quase sempre. Nestas linhas não estamos no quase nem a alinhar pelos bons costumes, para falar do Atanásio Nyusi. Sim, o Txoti da Companhia Nacional de Canto e Dança (CNCD), que de repente se foi esta semana.

Atanásio teve sempre uma maneira peculiar de ser e de estar, comprometido com o seu “eu” que era o de artista dedicado e pronto para dar o máximo de si em prol da cultura, primeiro a da sua tribo, os makonde do planalto de Mueda, e a do seu país. Fê-lo na CNCD durante décadas e fê-lo depois, quando, por conta da idade, como outros colegas, deu um ponto final à sua filiação ao primeiro grupo cultural profissional em Moçambique. Quando se aposentou da companhia, Nyusi continuou a ser homem de cultura, criando e apresentando, experimentando e sendo bem-sucedido na dança, na música, no teatro ou cinema, para onde também se aventurou.

Nos meios que integrou o artista sempre fez questão de revelar-se como quem tem por perfil ser um de muitos, dispensando o tapete vermelho e preferindo, antes, ser ele a estendê-lo para os outros. Também por isso foi amado, como o demonstraram os seus colegas da CNCD na hora do adeus, na quinta-feira em Maputo, no Hospital Militar.

A CNCD, onde Atanásio Nyusi deixou certamente saudades, marcou o momento, apresentando parte do que foi o convívio cultural e humano de décadas com o falecido artista, cujos restos mortais repousam agora no Cemitério de Michafutene.

Texto publicado no Jornal noticias, 03/12/2022

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