segunda-feira, 22 de agosto de 2022

                                                     

 

                                                             O comboio dos sonhos


Por:Carlos Uqueio & Belmiro Adamugy

Publicado:Jornaldomingo(https://www.jornaldomingo.co.mz/)

Quando o comboio achega-se apeadeiro, não são pessoas que abandonam o “cavalo de ferro”; são sonhos, muitos sonhos, que adentram pela cidade. Ganham forma e tomam a cidade e multiplicam-se em vidas e braços. Depois das 7h00, não há mais olhares apaixonados. Há gente que troca suor pelo pão. Lágrimas por letras. As idades desvanecem-se na imensa floresta de betão. Depois, quando o sol é substituído pela lua, lá voltam às carruagens.

Nada lhe pertence mais que seus sonhos, diz Nietzsche. É verdade. Quando os homens, mulheres e crianças voltam ao comboio, transmutam-se outra vez em sonhos. A única coisa que realmente lhes pertence. Vejam-se os olhos do passageiro que espreita pela janela ou a criança que inocenta a paisagem. Carlos Uqueio, foto-jornalista de pura sensibilidade, grafou instantes que se multiplicam em outras tantas vidas… como quem testifica: nunca deixe os seus medos serem maiores que os seus sonhos… senão nunca andarás de comboio!

 












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