sábado, 3 de agosto de 2024

                                                         Heroínas do fogo

ATÉ há algum tempo, o trabalho árduo de bombeiro, que demanda vigor físico e coragem inabalável, era dominado por homens. Contudo, esta tendência vai se invertendo nos quartéis do país. Hoje, as sirenes ecoam um novo capítulo na história desses serviços de emergência. Mulheres com determinação e habilidades excepcionais rompem as barreiras de género e algemam os limites das suas aspirações. Equipadas não apenas com uniformes, mas com a resiliência e o comprometimento indispensáveis para enfrentar incêndios e salvar vidas, destacam-se como pilares essenciais na protecção civil. Conforme documentam as imagens captadas em Maputo, durante o encerramento do vigésimo curso de bombeiro, pelo repórter fotográfico Carlos Uqueio, a presença feminina neste sector não apenas enriquece a diversidade dos corpos de emergência, mas também redefine o que significa ser um herói moderno. Com habilidades técnicas impecáveis e um profundo senso de empatia, elas combatem as chamas e inspiram comunidades inteiras, provando que o heroísmo não conhece limites de género. Elas desafiam preconceitos e abrem caminhos para futuras gerações, mostrando que, em qualquer área, a competência e a determinação são os verdadeiros critérios de sucesso. As suas histórias de superação e bravura são um testemunho vivo de que a igualdade de género não é apenas uma meta, mas uma realidade em construção. Assim, nos corações dos moçambicanos, o serviço de bombeiro transforma-se em símbolo de igualdade e progresso. Homens e mulheres, lado a lado, moldam um futuro onde a coragem e dedicação são os verdadeiros motores da segurança e bem-estar social. E cada sirene que soa é um lembrete que a verdadeira força de uma nação reside na união e valorização de cada indivíduo, independentemente do género e grau social.

 















domingo, 21 de julho de 2024

O poder das imagens: Fotojornalismo profissional versus uso de fotos da internet

Por: Carlos Uqueio, repórter e monitor em fotografia jornalística e documental
No dinâmico universo do jornalismo contemporâneo, a escolha entre utilizar fotos encontradas na internet e contratar um profissional de fotojornalismo é um tema de extrema relevância. A facilidade de acesso às imagens online oferece conveniência, porém traz consigo desafios significativos que podem comprometer a integridade e a qualidade das publicações impressas.
Atração e Armadilhas das Imagens Online
Segundo o American Press Institute, a facilidade de acessar uma vasta gama de fotos online permite uma resposta rápida às necessidades de conteúdo visual. Jornalistas e editores podem encontrar imagens em bancos de imagens, redes sociais e sites de compartilhamento, facilitando a ilustração das matérias com rapidez. No entanto, como alertado pelo The Guardian, o uso de fotos da internet apresenta desafios sérios em termos de autenticidade e ética. Imagens encontradas online podem ser descontextualizadas, editadas ou até mesmo manipuladas, comprometendo a veracidade das informações transmitidas. Além disso, questões legais surgem frequentemente quando há violação de direitos autorais ou uso indevido de imagens protegidas.
O Valor do Fotojornalismo Profissional
Contrastando com a conveniência das fotos da internet, profissionais de fotojornalismo, conforme discutido pelo Poynter, trazem uma série de vantagens cruciais para publicações impressas. Fotojornalistas experientes não apenas capturam imagens autênticas e contextualizadas, mas também possuem a habilidade de contar histórias visualmente. Suas competências técnicas e estéticas permitem a transmissão de emoções, nuances e detalhes que uma foto genérica da internet pode não capturar. Além disso, esses profissionais entendem a ética envolvida na captura de imagens, respeitando a privacidade das pessoas e garantindo a precisão e a objetividade das representações visuais. Trabalham em estreita colaboração com jornalistas para garantir que as imagens complementem e reforcem a narrativa textual, elevando o impacto e a credibilidade das reportagens.
A prática de jornais moçambicanos recorrerem a fotos da internet em vez de contratarem fotojornalistas é altamente problemática e merece crítica justificada. Ao optarem por utilizar imagens genéricas da internet, esses jornais estão perdendo uma oportunidade crucial de oferecer ao público reportagens visuais autênticas e contextualmente relevantes.
Contratar fotojornalistas não apenas valoriza o trabalho desses profissionais dedicados, que têm o conhecimento local e a sensibilidade necessária para capturar imagens significativas, mas também garante que as histórias sejam contadas com a profundidade e a autenticidade que apenas um olhar treinado pode proporcionar. Ao escolher fotos da internet, os jornais sacrificam a qualidade visual e editorial de suas publicações, muitas vezes comprometendo a precisão e a integridade das histórias que estão sendo relatadas.
Além disso, ao não investir em fotojornalistas, os jornais perdem a oportunidade de apoiar e fortalecer a indústria de fotojornalismo em Moçambique, privando os profissionais locais de oportunidades de trabalho e desenvolvimento de suas habilidades. Isso não apenas empobrece a diversidade de perspectivas visuais nas mídias, mas também prejudica a profissão como um todo ao desvalorizar o trabalho especializado dos fotojornalistas.
Portanto, é essencial que os jornais moçambicanos reavaliem suas práticas editoriais e reconheçam a importância de investir no fotojornalismo local como um componente vital para o jornalismo de qualidade e para a promoção de uma narrativa visual autêntica e ética.
Conclusão
Em suma, embora o uso de fotos da internet ofereça conveniência imediata, ele também acarreta riscos substanciais que podem comprometer a integridade jornalística. Investir em fotojornalismo profissional não apenas mitiga esses riscos, mas também enriquece o conteúdo visual com qualidade, autenticidade e profundidade narrativa. Em um ambiente onde a precisão e a confiança são fundamentais, a expertise de um fotojornalista continua a ser um diferencial inestimável para jornais impressos comprometidos com a excelência editorial.
*Referências:*
- American Press Institute. (2023). The role of photojournalism in digital storytelling. Recuperado de [https://www.americanpressinstitute.org/role.../](https://www.americanpressinstitute.org/role.../)
- The Guardian. (2022). Why photojournalism is still important in a digital age. Recuperado de [https://www.theguardian.com/why-photojournalism-important...](https://www.theguardian.com/why-photojournalism-important...)
- Poynter. (2021). The ethics of using internet-sourced images in news coverage. Recuperado de [https://www.poynter.org/ethics-using-internet-sourced...](https://www.poynter.org/ethics-using-internet-sourced...)

 Manipulação de Imagens no fotojornalismo: limites éticos na edição.

Por: Carlos Uqueio, repórter e monitor em fotografia jornalística e documental.
A manipulação de imagens é uma prática que suscita debates éticos significativos no contexto jornalístico e midiático contemporâneo. Com o avanço da tecnologia, as ferramentas de edição permitem não apenas correções simples, mas também alterações que podem distorcer a realidade de maneiras diversas.
Segundo Jay Rosen, professor de jornalismo da Universidade de Nova York, a manipulação de imagens no fotojornalismo pode comprometer a integridade e a confiabilidade das informações transmitidas ao público. Rosen enfatiza que a precisão factual é essencial para a credibilidade do jornalismo, e qualquer alteração em uma imagem deve ser claramente comunicada ao público para evitar distorções enganosas (Rosen, 2015).
Outro aspecto crítico é a preocupação com a privacidade e a dignidade das pessoas retratadas. Neil Postman, em seu livro "Amusing Ourselves to Death", discute como a manipulação de imagens pode ser utilizada para distorcer a percepção pública de eventos e indivíduos, influenciando indevidamente a opinião das pessoas (Postman, 1985).
Para mitigar esses problemas éticos, organizações como a Society of Professional Journalists (SPJ) estabelecem diretrizes rigorosas para o uso ético de imagens. As diretrizes da SPJ enfatizam a necessidade de transparência sobre qualquer alteração feita em uma imagem e a importância de preservar a precisão factual (SPJ, 2014).
Em um artigo recente, Susan Sontag argumenta que a manipulação de imagens não é apenas uma questão técnica, mas também uma questão moral. Sontag destaca que a manipulação pode distorcer a verdade e criar uma falsa impressão de eventos ou indivíduos, impactando negativamente a confiança pública na mídia (Sontag, 2003).
Diante dessas perspectivas, fica evidente que a ética na manipulação de imagens é fundamental para a integridade jornalística e para a manutenção da confiança do público. É imperativo que jornalistas e editores adotem práticas transparentes e responsáveis ao trabalhar com imagens, garantindo que a informação visual transmitida seja precisa, ética e fiel aos fatos.
Pode um fotojornalista manipular imagens?
A resposta é NÃO, pois um fotojornalista não deve manipular imagens na edição de uma forma que altere a realidade dos eventos documentados. A ética jornalística exige que as fotografias jornalísticas sejam precisas e representem fielmente os acontecimentos conforme foram testemunhados pelo repórter. Pequenos ajustes de cor, brilho, contraste, nitidez e recorte são geralmente aceitáveis para melhorar a qualidade visual, mas manipulações que alterem o contexto, removam ou adicionem elementos de forma enganosa são consideradas antiéticas. Manipulações desse tipo podem distorcer a verdade e comprometer a credibilidade do jornalista e da publicação.
*Referências:*
- Rosen, J. (2015). "The Image: Knowledge in Life and Society." New York University Press.
- Postman, N. (1985). "Amusing Ourselves to Death: Public Discourse in the Age of Show Business." Penguin Books.
- Society of Professional Journalists (SPJ). (2014). "Code of Ethics." Retrieved from https://www.spj.org/ethicscode.asp
- Sontag, S. (2003). "Regarding the Pain of Others." Farrar, Straus and Giroux.

segunda-feira, 15 de julho de 2024

                         Quando o lixo enfeita a capital

Por Carlos Uqueio, publicado na edição do jornal Noticias,13/07/24 

O LIXO voltou a “assombrar” as ruas da capital do país. Esta pequena mostra fotográfica do repórter de imagem Carlos Uqueio não nos deixa mentir. Maputo enfrenta um grave problema na gestão do lixo como é visível em muitas esquinas. A colecta irregular e a falta de consciencialização resultam numa paisagem urbana desoladora, onde sacos plásticos e restos de alimentos acumulam-se rapidamente. E as consequências vão além da estética da urbe, pois os resíduos atraem pragas e poluem a água. A transformação de Maputo numa cidade limpa e comprometida com o meio ambiente depende do compromisso de todos nós. No entanto, apela-se às autoridades a colocarem as mãos à obra. Que se inconformem perante tamanha anomalia.












quarta-feira, 10 de julho de 2024

                            Buracos nas vias da Cidade de Maputo

Texto e fotos: Carlos Uqueio- repórter e monitor em fotografia jornalística e documental 


Nos últimos meses, os motoristas que trafegam pelas estradas da cidade de Maputo têm enfrentado um desafio crescente: os buracos que têm surgido e se expandido rapidamente nas vias urbanas.Esses buracos não apenas representam perigo para a segurança dos condutores, mas também têm causado danos significativos aos veículos dos moradores locais.


Os relatos de motoristas frustrados são frequentes, com muitos compartilhando histórias de pneus furados, rodas danificadas e suspensões comprometidas devido aos impactos com os buracos. Em casos extremos, alguns veículos têm ficado inutilizáveis, necessitando de reparos caros e imprevistos. Ao percorrer as principais vias da cidade rapidamente, é possível observar a presença de crateras profundas em vários pontos críticos, como na Avenida Julius Nyerere e na Avenida Eduardo Mondlane, entre outros locais.


A situação se agrava durante períodos chuvosos, quando os buracos se enchem de água, tornando-se ainda mais difíceis de serem evitados pelos motoristas.















quinta-feira, 4 de julho de 2024

 Sensibilidade no olhar fotográfico: Uma jornada de profundidade e reflexão.



Artigo de opinião escrito por: Carlos Uqueio, repórter e monitor em fotografia jornalística e documental
A arte da fotografia transcende a simples captura de imagens; ela é um reflexo da nossa percepção e sensibilidade em relação ao mundo. Neste contexto, aprimorar o olhar fotográfico não é apenas um processo técnico, mas uma jornada de autoconhecimento e conexão com a essência das coisas.
Como fotojornalista, tenho experimentado o poder transformador de enxergar além do visível. Cada fotografia não é apenas um registro, mas uma interpretação pessoal do momento presente. É uma tentativa de capturar não só a luz e a forma, mas também a alma que habita cada cena.
Desenvolver sensibilidade fotográfica vai muito além de dominar as técnicas de composição e exposição. É preciso estar atento aos detalhes sutis: a interação entre a luz e sombra que revela texturas ocultas, o instante fugaz que captura uma emoção genuína, ou o ângulo que revela uma história inédita.
Ao longo da minha jornada profissional, tenho aprendido que a verdadeira beleza da fotografia reside na capacidade de transmitir emoções complexas através de imagens aparentemente simples. Cada clique da câmera é uma escolha consciente de como interpretar o mundo e compartilhar essa interpretação com os outros.
Para mim, a fotografia não é apenas um meio de expressão artística, mas uma forma de explorar e compreender melhor o mundo ao meu redor. Cada projecto fotográfico é uma oportunidade para mergulhar em novas perspectivas, desafiar preconceitos e revelar verdades universais através da lente da minha câmera.
Convido todos os amantes e apreciadores da fotografia jornalística a se juntarem a mim nessa jornada de descoberta e autoexpressão. Que possamos todos explorar as profundezas da nossa criatividade e sensibilidade, capturando não apenas imagens, mas também histórias que inspiram, provocam e unem pessoas de diferentes culturas e origens.
Que cada fotografia seja uma reflexão do nosso compromisso com a beleza, a verdade e a compaixão. Que possamos usar nossa arte não apenas para documentar o mundo, mas para transformá-lo positivamente, despertando consciências e celebrando a diversidade que enriquece nossa experiência humana.
Nesta jornada contínua de crescimento e aprendizado, que cada novo clique nos aproxime um passo mais perto da perfeição técnica e da profundidade emocional que buscamos alcançar como fotojornalistas e como seres humanos.
Um abraço fraternal

sexta-feira, 28 de junho de 2024

                       Clicando fotos VS fotos que impactam

Por: Carlos Uqueio, repórter e monitor em fotografia jornalística e documental
Nos últimos anos, a fotografia passou por uma transformação significativa. Com o avanço tecnológico e a democratização dos equipamentos, o acto de capturar imagens tornou-se universal.
Entretanto, o que realmente distingue uma fotografia hoje em dia? Segundo o renomado fotojornalista indiano Jayanth Sharma, a resposta vai além do simples acto de pressionar o obturador.
Em uma era em que todos podem ser fotógrafos, o desafio reside em criar imagens que transcendam o comum e realmente ressoem com o espectador. Jayanth Sharma ressalta que não basta apenas "clicar fotos", é necessário buscar criar imagens que contem histórias, que transmitam emoções profundas, que provoquem reflexão e que deixem uma marca duradoura na mente de quem as vê.
O aumento exponencial no número de fotógrafos e na produção de conteúdo visual significa que há uma inundação constante de imagens competindo por nossa atenção. Nesse cenário saturado, a qualidade e o impacto das fotos se tornam ainda mais cruciais. É preciso mais do que técnica e equipamento avançado; é necessário um olhar sensível, uma capacidade de capturar momentos fugazes e uma habilidade de transformar o ordinário em algo extraordinário.
"É aí que aprender não apenas a clicar fotos, mas a criar fotos que realmente impactam faz toda a diferença", afirma Jayanth Sharma. A fotografia não é apenas uma representação visual, mas uma forma de arte que pode inspirar, informar e provocar mudanças. Fotos que impactam não são apenas vistas, são sentidas. Elas têm o poder de conectar pessoas, de narrar histórias silenciosas e de capturar a essência de um momento de forma tão visceral que transcende a simples apreciação visual.
Portanto, em um mundo inundado de imagens efêmeras, a busca por fotos que impactam não é apenas um desafio, mas uma necessidade. É um chamado para os fotógrafos não apenas capturarem o momento, mas para elevarem sua arte a um nível que inspire e deixe uma marca indelével na história visual de nosso tempo.
Fonte:
Jayanth Sharma, fotojornalista indiano de Vida Selvagem, Co-fundador e CEO da Toehold Travel.