terça-feira, 1 de outubro de 2024

 A Importância da Fotografia na Criação de Estátuas: Um Olhar Crítico

 Artigo de opinião escrito por: Carlos Uqueio, repórter e monitor em fotografia jornalística e documental.

A fotografia desempenha um papel fundamental na elaboração de estátuas, servindo como uma ponte entre o passado e a arte contemporânea. Obras como as estátuas de Samora Machel e Eduardo Mondlane, em Moçambique, são exemplos notáveis de como a fotografia é preservada e reinterpretada através da escultura. Importa referir que, no processo de elaboração dessas estátuas, os artistas tiveram que recorrer a fotografias feitas por fotógrafos renomados da época. Para os artistas, as fotografias do passado não apenas fornecem referências visuais, mas também capturam a essência dos indivíduos retratados, permitindo que suas histórias sejam contadas de forma mais autêntica

O uso de fotografias na escultura é apoiado por diversos estudiosos. O crítico de arte John Szarkowski argumenta que "a fotografia é uma forma de explorar a verdade da experiência humana" (Szarkowski, 1973). Esta verdade é essencial quando se busca recriar figuras históricas que representam identidades nacionais e colectivas. Ao se basear em fotografias, os artistas podem infundir suas obras com nuances emocionais e contextos sociais que, de outra forma, poderiam ser perdidos.

Outro autor relevante é Roland Barthes, que em seu ensaio "A Câmara Clara" fala sobre a relação entre a imagem fotográfica e a memória. Barthes afirma que "a fotografia não é apenas uma representação, mas também uma evidência do que foi" (Barthes, 1980). Essa evidência é crucial na construção de estátuas que desejam honrar figuras como Machel e Mondlane, cujas vidas e legados continuam a ressoar na sociedade contemporânea.

Entretanto, sem me envolver na polémica sobre a originalidade da estátua recentemente inaugurada em homenagem ao saudoso Eduardo Mondlane, considero inegável que o trabalho da fotografia é fundamental nesse processo criativo. O fotógrafo não apenas captura a aparência, mas também a essência de um momento e de uma pessoa, oferecendo ao artista uma base sólida para construir sua interpretação. Esse diálogo entre fotógrafo e escultor enriquece a obra final, transformando a estátua em um verdadeiro monumento à memória e à história

Portanto, a fotografia não deve ser vista apenas como uma ferramenta, mas como uma forma de arte que contribui significativamente para a criação escultórica. Reconhecer essa interdependência é essencial para entender o papel dos artistas que, através da escultura, preservam e reinterpretam a memória coletiva.

Referências pesquisadas

- Barthes, R. (1980). A Câmara Clara: Nota sobre a Fotografia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.

- Szarkowski, J. (1973). Looking at Photographs. Nova York: The Museum of Modern Art.

segunda-feira, 30 de setembro de 2024

 Moçambique Celebra 60 Anos das Forças Armadas de Defesa: Um Tributo à Bravura e Sacrifício

 

Fotos e texto: Carlos Uqueio

 

No dia 25 de setembro de 2024, Moçambique marcou um marco histórico ao celebrar os 60 anos da formação das suas Forças Armadas de Defesa. Esta data não é apenas uma comemoração, mas um tributo à bravura, ao compromisso e ao sacrifício de homens e mulheres que dedicaram suas vidas à proteção  e à soberania da nação.

Desde a sua criação, as Forças Armadas de Defesa de Moçambique desempenharam um papel crucial na luta pela independência e na manutenção da paz em um contexto desafiador. O seu trabalho incansável foi fundamental para garantir a estabilidade e a segurança do país, enfrentando diversas adversidades e desafios ao longo das décadas.

Neste dia especial, a nação rendeu homenagem a todos os que serviram e continuam a servir nas Forças Armadas de Defesa. A coragem e a dedicação desses homens e mulheres são dignas de reconhecimento e respeito, e sua história é uma fonte de inspiração para as futuras gerações.

A celebração dos 60 anos das Forças Armadas é, portanto, uma oportunidade para refletir sobre os desafios enfrentados e as conquistas alcançadas, reafirmando o compromisso de todos os moçambicanos em apoiar e valorizar aqueles que colocam a sua vida em risco pela defesa da pátria. Que a bravura dessas forças continue a ser uma luz orientadora para o futuro de Moçambique.


Fotos feitas na Avenida 10 de Novembro, na antiga FACIM












































terça-feira, 10 de setembro de 2024

 A importância da pesquisa e referência para fotojornalistas iniciantes na era digital

Artigo escrito por: Carlos Uqueio, repórter e monitor em fotografia jornalística e documental.
No fotojornalismo contemporâneo, a prática de investigar e se inspirar no trabalho de profissionais experientes é mais relevante do que nunca. Para os principiantes, a pesquisa de trabalhos publicados nas redes sociais, como Facebook e Instagram, bem como em jornais eletrônicos e impressos, é essencial para o desenvolvimento de habilidades e a formação de uma visão crítica e ética. Este processo de imersão no trabalho de profissionais maduros oferece uma série de vantagens que vão além da simples observação de técnicas e estilos.
Com o advento das redes sociais e das plataformas digitais, o acesso a uma vasta gama de fotografias tornou-se mais fácil e rápido. No Facebook e no Instagram, fotojornalistas experientes frequentemente compartilham seu trabalho, oferecendo aos principiantes uma rica fonte de inspiração e aprendizado. O fotógrafo e educador Fred Ritchin, em "After Photography" (2008), destaca que a exposição a diversos estilos e técnicas, como as que são visíveis nas redes sociais, pode acelerar o desenvolvimento técnico e criativo dos novos profissionais. Observando como os especialistas utilizam diferentes abordagens para capturar e narrar eventos, os iniciantes podem adaptar essas técnicas ao seu próprio estilo e aprimorar suas habilidades.
Além das redes sociais, eu tenho tido o hábito de consultar jornais eletrônicos e impressos proporcionando-me uma visão mais abrangente do contexto em que as fotografias são feitas. De acordo com David Campbell em "Photojournalism: A Social and Visual History" (2007), a análise de como os profissionais maduros abordam temas complexos e sensíveis em suas reportagens ajuda os principiantes a compreender a responsabilidade ética e a narrativa envolvida no fotojornalismo. A exposição ao trabalho publicado em diversos meios permite que os novatos vejam como diferentes contextos e histórias são apresentados e discutidos, o que é crucial para a formação de uma abordagem ética e bem-informada.
A capacidade de desenvolver uma visão crítica é outro benefício significativo da pesquisa contínua. Susan Sontag, em "Sobre a Fotografia" (1977), ressalta que a fotografia não é apenas uma representação, mas também uma interpretação do mundo. Para os principiantes, a análise crítica das fotografias de profissionais estabelecidos, acessíveis através de redes sociais e publicações, permite que desenvolvam uma compreensão mais profunda das escolhas visuais e narrativas feitas. Esse processo de crítica e reflexão ajuda a aprimorar o próprio trabalho e a evitar erros comuns.
No cenário atual, onde as redes sociais e os meios digitais oferecem uma infinidade de recursos visuais, é fundamental que os fotojornalistas iniciantes se envolvam activamente na pesquisa de trabalhos de profissionais experientes. A observação e análise das fotografias compartilhadas no Facebook e Instagram, bem como das publicações em jornais eletrônicos e impressos, são ferramentas valiosas para o aprimoramento técnico, a compreensão ética e o desenvolvimento de uma visão crítica. Ao se imergir no trabalho de outros profissionais, os iniciantes não só enriquecem seu conhecimento, mas também se preparam melhor para contribuir de maneira significativa para o campo do fotojornalismo.
Referências pesquisadas
CAMPBELL, David. Photojournalism: A Social and Visual History. Oxford University Press, 2007.
RITCHIN, Fred. After Photography. W.W. Norton & Company, 2008.
SONTAG, Susan. Sobre a Fotografia. Editora Paz e Terra, 1977.

sexta-feira, 30 de agosto de 2024

 Moçambique: A desvalorização dos serviços fotográficos em casamentos.

Artigo de opinião escrito por: Carlos Uqueio, repórter e monitor em fotografia jornalística e documental.
Em Moçambique, é comum que os casais, ao planejarem seu casamento, priorizem gastos com MC's, salões de festa,chefs de cozinha, aluguer de carro, bolos, alimentação e etc, enquanto relegam os serviços fotográficos a um segundo plano, ou até mesmo os excluam do orçamento. Essa prática não apenas desvaloriza o papel fundamental do fotógrafo, mas também compromete a qualidade e a preservação das memórias de um dos dias mais importantes da vida de qualquer casal.
A fotografia de casamento vai muito além de simplesmente capturar imagens; é a arte de registrar emoções, detalhes e momentos que definem a cerimônia. A insistência em priorizar outros aspectos do casamento enquanto se economiza na fotografia revela uma falta de reconhecimento da importância desse serviço. Um fotógrafo profissional tem o conhecimento técnico e a experiência para capturar não apenas os momentos principais do evento, mas também aqueles pequenos detalhes que fazem toda a diferença. Ignorar a inclusão de um fotógrafo no orçamento resulta em um risco significativo de ter registros insatisfatórios e de baixa qualidade.
Enquanto outros fornecedores são amplamente valorizados e recebem atenção detalhada, os fotógrafos frequentemente são vistos como uma despesa secundária. Esse descaso pode ser prejudicial, uma vez que a qualidade da fotografia reflete diretamente na lembrança do evento. Investir em um fotógrafo capacitado garante que as imagens sejam não só um documento visual, mas também uma verdadeira obra de arte que capturará o espírito e a emoção do dia.
Além disso, a fotografia profissional é um serviço que requer mais do que apenas uma câmera; exige habilidades artísticas e técnicas para lidar com a iluminação, composição e as dinâmicas do evento. A experiência de um fotógrafo permite a gestão eficaz do tempo e a cobertura abrangente do evento, algo que não pode ser substituído por soluções amadoras.
A desvalorização dos serviços fotográficos em Moçambique reflete uma falta de percepção sobre o valor duradouro dessas memórias. Enquanto outros aspectos do casamento recebem uma atenção exagerada, os casais devem reconsiderar suas prioridades e reconhecer a importância de reservar um orçamento adequado para a fotografia. Após o evento, as imagens se tornam o principal legado do dia, e o valor das boas recordações não pode ser subestimado.
Portanto, é essencial que os casais incluam os serviços fotográficos como uma parte fundamental do planejamento do casamento e aloque um orçamento condizente. O retorno desse investimento será evidenciado na qualidade das recordações que permanecerão por toda a vida.
Pode ser uma imagem de 2 pessoas e a telefone

 "Mesmo zangado consigo mesmo, não deixe de fotografar" in Alfredo Mueche.

A resiliência do fotojornalista: Capturando a verdade em meio à adversidade
Artigo escrito por: Carlos Uqueio, repórter e monitor em fotografia jornalística e documental.
O fotojornalismo é uma profissão que vai muito além da simples captura de imagens; é um compromisso com a verdade e a integridade. Alfredo Mueche, fotojornalista reformado e autor da frase sintetiza a essência desta vocação. Sua citação reflete a profunda resiliência necessária para um trabalho que exige estar continuamente na linha de frente dos eventos mais impactantes e, frequentemente, perturbadores.
O papel do fotojornalista é crucial: eles são os olhos que documentam a realidade em seu estado mais cru e visceral. Esta função não só demanda habilidades técnicas e um olhar crítico, mas também uma capacidade emocional robusta. O desafio é que, muitas vezes, o fotojornalista precisa lidar com suas próprias frustrações e angústias pessoais enquanto cumpre sua missão. A frase de Mueche serve como um lembrete poderoso de que, apesar das batalhas internas, a responsabilidade de documentar e relatar a verdade deve prevalecer.
Os fotojornalistas frequentemente enfrentam cenários de crise, injustiça e sofrimento. Em tais momentos, suas próprias dificuldades podem ser intensificadas pelo ambiente estressante em que trabalham. No entanto, a importância de suas imagens para a conscientização pública e a mudança social é um motivador poderoso. Cada fotografia capturada por esses profissionais pode acender debates, mobilizar acções e gerar mudanças significativas.
Além da paixão pelo trabalho, a resiliência dos fotojornalistas é sustentada por um profundo sentido de propósito. Eles compreendem que, mesmo quando enfrentam dificuldades pessoais, sua presença e seu trabalho têm um impacto vital na sociedade. A frase de Alfredo Mueche encapsula esse espírito: o acto de continuar fotografando, mesmo em face de adversidades pessoais, é uma demonstração de compromisso e coragem.
Reconhecer a importância da saúde mental é fundamental neste contexto. Fotojornalistas enfrentam desafios emocionais intensos, e é crucial que haja suporte adequado para ajudar a equilibrar sua vida pessoal com as demandas de seu trabalho. Programas de apoio psicológico e um ambiente de trabalho compreensivo são essenciais para garantir que esses profissionais possam continuar a produzir trabalhos impactantes sem comprometer seu bem-estar.
Em resumo, Alfredo Mueche nos lembra que, apesar das dificuldades pessoais, a missão do fotojornalista é de suma importância. A capacidade de persistir na captura e relato da verdade, mesmo quando a própria mente e coração estão em tumulto, é um testemunho da integridade e da dedicação desses profissionais. A frase "Mesmo zangado consigo mesmo, não deixe de fotografar" é um apelo para a resiliência e a determinação necessárias para manter a relevância e o impacto do fotojornalismo na sociedade.

 O papel do fotojornalista: fotografar o que gostamos e não gostamos, e o que outros gostam e não gostam.

Artigo escrito por: Carlos Uqueio, repórter e monitor em fotografia jornalística e documental.
📸Em primeiro lugar quero desejar a todos um feliz dia mundial da fotografia! Que a nossa paixão pela captura de momentos continue a iluminar o mundo com beleza e verdade. Celebremos o poder das imagens e a arte de contar histórias através das lentes.
Indo para o tema do dia, vamos relembrar a frase do fotojornalista moçambicano Alfredo Mueche, "Fotografa o que você gosta de ver e o que os outros não gostam e vice-versa", oferece uma perspectiva fundamental sobre o papel do fotojornalista. Ao capturar imagens, o fotojornalista não apenas reflete suas próprias preferências e aversões, mas também documenta o que os outros valorizam ou rejeitam. Esse duplo enfoque é essencial para entender a profundidade e a complexidade do trabalho na fotografia jornalística.
Fotografar o que gostamos é uma maneira de imprimir nossa visão pessoal na narrativa visual. Quando um fotojornalista foca em temas ou detalhes que o atraem, ele não apenas transmite uma mensagem autêntica, mas também destaca aspectos da realidade que ressoam profundamente com sua própria sensibilidade. Essa abordagem pode revelar nuances e emoções que, de outra forma, poderiam ser perdidas em uma representação mais neutra.
Por outro lado, capturar o que não gostamos pode revelar facetas importantes e frequentemente negligenciadas da realidade. Em muitas situações, as imagens que retratam o desconforto, a injustiça ou o que é considerado incômodo são fundamentais para provocar a reflexão e o debate. O fotojornalista que se dedica a documentar o que é desagradável ou controverso desempenha um papel crucial ao expor verdades muitas vezes ignoradas, forçando o público a confrontar realidades desconfortáveis.
Além disso, a prática de fotografar o que os outros gostam ou não gostam amplia a relevância e o impacto do trabalho do fotojornalista. Documentar o que é popular ou admirado pode capturar o espírito de um tempo ou um lugar, refletindo as tendências e valores predominantes. Da mesma forma, registrar o que os outros evitam ou desprezam permite ao fotojornalista iluminar áreas menos visíveis, oferecendo uma visão mais completa e imparcial da sociedade.
Esse equilíbrio entre a fotografia de preferências pessoais e as imagens que desafiam o status quo é o que define a prática do fotojornalismo. Ao combinar essas abordagens, o fotojornalista não só expressa uma visão individual, mas também desempenha um papel crucial na formação de uma compreensão mais abrangente e crítica do mundo ao nosso redor. Assim, a frase de Alfredo Mueche destaca uma verdade essencial: a fotografia é tanto uma expressão pessoal quanto uma ferramenta de relevância social, essencial para uma narrativa visual rica e completa.

 O Papel Fundamental do Fotógrafo Oficial em Contextos Internacionais

 

Por: Carlos Uqueio, repórter e monitor em fotografia jornalística & documental

A profissão de fotógrafo oficial é, sem dúvida, uma das mais desafiadoras e significativas dentro do cenário político e institucional. Ao longo dos anos, a experiência de acompanhar personalidades de alto nível em eventos internacionais me ensinou lições valiosas sobre o papel desse profissional. Tive a oportunidade de evidenciar de perto as nuances que envolvem a documentação fotográfica de eventos de relevância global, e acredito que a importância desse papel não pode ser subestimada.

Fotógrafos renomados como Pete Souza, que actuou como fotógrafo oficial da Casa Branca durante as administrações de Ronald Reagan e Barack Obama, e Yousuf Karsh, conhecido por seus retratos de figuras históricas como Winston Churchill, demonstram a relevância e o impacto que um fotógrafo oficial pode ter na preservação da história. Souza, em particular, destacou-se pela sua habilidade em capturar momentos de extrema importância, mantendo uma relação harmoniosa com os dirigentes que acompanhava. Essa relação de confiança é um elemento central para o sucesso do trabalho de um fotógrafo oficial.

Em minhas próprias experiências, especialmente durante a cobertura da visita oficial em 2017, do antigo Primeiro-Ministro de Moçambique, Carlos Agostinho do Rosário à República Socialista do Vietname e das cimeiras das Nações Unidas, percebi que o papel do fotógrafo vai além da simples documentação visual.

Lembro-me claramente de uma ocasião em que estava cobrindo um encontro de alto nível, e a tensão na sala era palpável. A pressão para capturar o momento certo, sem ser invasivo ou chamar atenção desnecessária, era imensa. Estar devidamente credenciado como fotógrafo oficial e presidencial é crucial; sem o devido credenciamento, corre-se o risco de ser impedido de participar de eventos e reuniões importantes, o que pode comprometer a cobertura fotográfica. Em um episódio particular, minha credencial foi questionada por uma equipe de segurança que não estava familiarizada com o protocolo fotográfico. Foi um momento de ansiedade, mas graças ao meu preparo e à minha insistência em mostrar a importância do meu trabalho, fui autorizado a entrar. A lição foi clara: a falta de credenciamento adequado pode comprometer não apenas o trabalho do fotógrafo, mas também a documentação histórica de eventos cruciais.

Além disso, a capacidade de comunicação em outras línguas, especialmente o inglês, é crucial. Um exemplo claro da importância do domínio do inglês ocorreu em 2023, durante a visita do Primeiro-Ministro Adriano Maleiane à França, no âmbito da realização da Cimeira de Paris sobre um novo pacto financeiro global. Nesta visita, foi essencial o uso da língua inglesa, o que facilitou a interação com o pessoal do protocolo e de segurança, permitindo que eu localizasse rapidamente a sala onde o Primeiro-Ministro Maleiane faria seu discurso. Essa situação me fez perceber que a fluência em inglês não era apenas uma vantagem, mas uma necessidade absoluta. Ao me comunicar com a equipe de protocolo, precisei de toda minha habilidade linguística para entender as instruções rapidamente e encontrar a sala antes que o discurso começasse. Um atraso naquele momento poderia ter significado a perda de uma imagem crucial.

Outro aspecto essencial é a preparação meticulosa do equipamento. Durante uma cimeira da ONU em Nova Iorque, lembro-me de ter ficado preso em uma fila de segurança por meia hora. Com o tempo apertado e a possibilidade de perder o início das sessões, a tensão era alta. Carregar câmeras de alta resolução, objetivas versáteis, equipamentos de backup e acessórios de iluminação adequados é imperativo para garantir a captura de imagens de alta qualidade. Nesse caso, o preparo antecipado foi o que me salvou. Tive que correr para a sala, montar meu equipamento em tempo recorde e, ainda assim, consegui capturar o momento exacto em que uma importante declaração foi feita. A abordagem de Richard Avedon, um dos fotógrafos de moda mais influentes do século XX, reflete a importância de estar sempre preparado para capturar o inesperado. Sua capacidade de se adaptar rapidamente às situações permitiu-lhe criar alguns dos retratos mais icónicos de sua época. Assim como Avedon, aprendi que a agilidade e o preparo são essenciais para qualquer fotógrafo que deseje captar momentos únicos e irreversíveis.

Além disso, a aparência e o vestuário do fotógrafo desempenham um papel vital. Manter-se bem-apresentado em eventos de alto nível é essencial para a percepção de profissionalismo.  Vestir-se de maneira adequada e comportar-se com decoro não só respeita os protocolos desses eventos, mas também pode abrir portas para novas oportunidades de trabalho e colaboração.

Em conclusão, ser um fotógrafo oficial é uma profissão que exige uma combinação única de habilidades técnicas, interpessoais e culturais. Os exemplos de fotógrafos renomados como Pete Souza, Yousuf Karsh, Ansel Adams, Sebastião Salgado e Richard Avedon servem como fontes de inspiração e reforçam a importância de se estar sempre preparado e disposto a superar os desafios que essa profissão impõe. Acredito firmemente que, com dedicação e uma constante busca pela excelência, é possível cumprir esse papel de forma a não apenas documentar, mas também preservar e celebrar a história que está sendo feita diante de nossas lentes.