O Que Levo na Mochila: Equipamento Essencial de um Fotógrafo Oficial
Por Carlos Uqueio, fotógrafo oficial e fotojornalista
Ser fotógrafo oficial é viver entre a solenidade e o improviso, entre o instante e a eternidade. Acompanhar os antigos Primeiros-Ministros de Moçambique, Carlos Agostinho do Rosário, Adriano Maleiane e agora Maria Benvida Levi ,foi e contina sendo, mais do que uma missão profissional: tem sido um exercício contínuo de sensibilidade, técnica e discrição. Mas por trás de cada imagem bem-sucedida, há uma mochila carregada de escolhas conscientes e no meu caso, sempre com equipamentos Nikon.
Câmeras Nikon D7000 e D7100: Duas Companheiras Fiéis
Durante anos de serviço oficial, nunca saí de casa sem minhas duas fiéis companheiras: a Nikon D7000 e a Nikon D7100. São câmeras robustas, resistentes ao clima, com excelente desempenho em ambientes de baixa luz e uma reprodução de cores que sempre me transmitiu confiança. Trabalhar com dois corpos permite adaptar-me rapidamente à cena sem perder segundos preciosos trocando lentes.
Em cerimónias formais ou visitas de Estado, é comum usar uma câmera com lente grande angular e outra com uma teleobjetiva , permitindo que eu registre tanto os ambientes quanto os detalhes, em tempo real.
Lentes para Todas as Situações
Ao longo dos anos, selecionei um conjunto de lentes que respondem bem às exigências de eventos protocolares e deslocações institucionais:
- Nikon 17-55mm f/2.8 – Minha lente “de batalha”. Rápida, versátil e nítida. Ideal para coberturas gerais, salas de conferência, bastidores e fotografias espontâneas. Já registou apertos de mão presidenciais e bastidores de gabinete com a mesma precisão.
- 50mm f/1.8 f Uma lente leve e discreta, perfeita para retratos em ambientes silenciosos. Usei-a muitas vezes para capturar varios momentos de leitura de discursos, planos fechados e com fundos bem desfocados dos Primeiros-Ministros, sem interromper o ambiente.
- 12-24mm ou 10-20mm – São as lentes que me permitem mostrar a grandiosidade de certos espaços institucionais, como salões parlamentares, auditórios ou receções diplomáticas. Uma vez, durante uma cerimónia no Centro Internacional de Conferências Joaquim Chissano, a grande angular me permitiu capturar toda a composição arquitetónica e a interação entre os presentes numa conferência.
- 8mm Olho de Peixe – Para imagens artísticas ou criativas em eventos especiais, essa lente oferece uma visão pouco convencional, que atrai o olhar do público. Usei-a em coberturas culturais ou para destacar multidões em actos públicos.
- 80-200mm f/2.8 – A lente que me permite manter distância sem perder intensidade. Em eventos com restrições de acesso, como desfiles ou reuniões bilaterais, ela me garante closes expressivos mesmo à distância. Foi indispensável durante uma visita oficial a Cabo Delgado, onde a segurança limitava a movimentação.
Iluminação: SB-900 e SB-910
A luz é a alma da fotografia, e nas situações onde ela falta, entram os meus flashes Nikon SB-900 e SB-910. Com difusores, rebatedores e sempre com pilhas extras, eles garantem resultados naturais mesmo nos ambientes mais desafiadores , como eventos noturnos, encontros em salas mal iluminadas ou interiores de edifícios antigos.
Outros Itens Cruciais
- *Cartões SD extras*, sempre confiáveis e com cópias de segurança.
- *Baterias sobressalentes* para cada corpo de câmera.
- *Powerbank de alta capacidade*, útil para carregar dispositivos durante longas coberturas.
- *Tripé compacto*, quando há oportunidade para retratos ou imagens estáticas formais.
Mais do Que Equipamento: Ética, Leitura de Ambiente e Intuição
Ser fotógrafo oficial não é apenas estar presente , é saber ver sem interferir. Há momentos em que a câmera deve ficar no ombro e os olhos atentos. A leitura política e emocional do ambiente é tão importante quanto o ISO e a abertura.
Lembro-me de um episódio com o Primeiro-Ministro Adriano Maleiane, após uma reunião intensa no seu Gabinete de trabalho. Notei um instante de reflexão solitária antes de ele deixar o local. Com minha 50mm silenciosa e luz natural vinda da janela, capturei um retrato que dizia muito, sem uma palavra.
Conclusão
A mochila de um fotógrafo oficial é mais do que um conjunto técnico. É um reflexo do seu olhar, da sua estratégia e do seu respeito pelo que está diante da lente. Cada lente que carrego tem uma razão de estar ali. E cada imagem que produzo é o resultado dessa combinação entre técnica, experiência e sensibilidade.
Porque fotografar uma autoridade não é apenas documentar o poder , é captar a humanidade por trás do cargo, com responsabilidade, precisão e, acima de tudo, respeito.
Sem comentários:
Enviar um comentário