quinta-feira, 23 de março de 2023


                                  Doha: um “deserto” de gente!

                                   

                                                         Publicado no jornal noticias, 18/03/2023

DOHA, capital do Qatar, é uma cidade turística cuja beleza “obriga” os visitantes a apreciarem-na ao detalhe. Foi o que fez o repórter de imagem do “Notícias” Carlos Uqueio durante a sua recente estadia naquele país. Chamou-lhe muita atenção o facto desta ser, com cerca de 956,4 mil habitantes, uma das cidades mais populosas do Qatar e, mesmo assim, como testemunham as suas fotos, continuar um “deserto” de gente. Uqueio observou ser muito raro encontrar nesta capital pessoas a passearem, pois os cidadãos estão sempre “escondidos” num determinado lugar, seja nas suas casas, carros, escritório, mesquita, restaurante, entre outros lugares.










 

terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

                                                 A lição do Dr. Leonardo Simão


Texto de Anabela Massingue, publicado na edição do dia 20 de Fevereiro 2023,Jornal Noticias

MUITAS vezes trilhamos um longo caminho entre colegas, quer na escola quer no trabalho, sem nos conhecermos ao certo. Praticamente fazêmo-lo em surdina, mesmo falando todos os dias uns com os outros. A caminhada é, às vezes, feita às cegas com uma dose de ilusão, sobretudo depois de descobrirmos que o nosso ou nossa  companheira da labuta não é o que sempre pensávamos que fosse.

Vem o introito a propósito de uns curtos, mas ricos minutos de conversa que acompanhei entre o antigo ministro da Saúde ou dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, como preferirmos, o Dr.Leonardo Simão e o fotojornalista da Sociedade do Notícias, Carlos Uqueio, que comigo fazia a equipa de trabalho.

Tudo aconteceu na sala da Fundação Joaquim Chissano, para onde eu e o Uqueio fomos entrevistar o Doutor Leonardo Simão. A ideia era para ouvir a sua sensibilidade em relação aos progressos científicos, levados a cabo pela Fundação Manhiça, através do seu Centro de Investigação em Saúde, o CISM.

Durante a entrevista os clics do Uqueio aconteciam continuamente. Afinal era essa a sua parte no trabalho. No fim da “conversa” foi a vez do nosso entrevistado fazer algumas perguntas ao fotojornalista. No início parecia algo a despropósito, mas por uns instantes descobri que se tratava de uma conversa rica de conteúdos, pois pude conhecer o outro lado do Uqueio, colega com quem palmilho a casa de profissão, há uns bons pares de anos.

O Dr. Simão quis saber o que inspirou o jovem a optar pela fotografia. Foi daí que fiquei a saber que houve um ídolo, cuja influência falou mais alto, ao ponto de Uqueio preterir outras habilidades adquiridas na formação, como o professorado em língua inglesa.

Soube igualmente que ele democratizou o seu conhecimento, dando o “BABA” da fotografia numa escola da Praça. Mas clicar, no dia-a-dia e comunicar por via da fotografia é o seu forte e, mais do que isso, uma paixão. Afinal, não há melhor coisa que a gente fazer e abraçar o que gosta.

Mais do que saber do lado profissional de Uqueio, a curiosidade de um dos homens da medicina e da diplomacia moçambicana chegou até às origens do fotógrafo, ao que explicou ser de Chicumbane, lá para as bandas do Xai-Xai, actualmente distrito do Limpopo.

Porque as coisas muitas vezes não caem do nada, foi dai que Simão nos revelou que Chicumbane foi a sua porta de partida na iniciação da carreira de médico de clínica geral.

Ele guarda boas recordações da sua passagem por Chicumbane, onde trabalhou em contacto geral com os pacientes, sem barreiras linguísticas, tal como acontece com muitos profissionais chamados a servir o país fora, pois ele é natural da província de Gaza.

Lamentei não ter lá ido preparada para ouvir um pouco da sua sabedoria e experiência, porque certamente sairia enriquecida em termos de assuntos. Em jeito de despedida e a acompanhar os visitantes, o Dr. Simão disse-me que não teria nada porque ele era uma fonte de informação que já tinha secado.

Só que, mesmo em tempos de secas severas, há quem consegue água para beber e dar de beber aos outros. Esta é uma prova de que o Dr. é uma fonte inesgotável, que inspira e, em segundo, dá lições de como as pessoas devem ser e estar, conhecendo-se, mutuamente, uma vez partilhando mesmos espaços, o dia-a-dia.

Muito obrigada por esta lição!   

domingo, 25 de dezembro de 2022

                                                   Níger: doí sonhar...

 


Por Carlos Uqueio e Belmiro Adamugy

Publicado no Jornal domingo, 18/12/2022

Há qualquer coisa que fascina no deserto. Aquela imensidão de areia – quase um mar – tem algo inexplicável. Deve ser essa tal coisa que cativa gente a viver no deserto. Os Tuaregues, por exemplo, adaptaram-se e bem a viver naquele inóspito lugar. Mas não é só de areias que o deserto se faz; há casas convencionais, estradas e até plantas ornamentais... mas isso só se descobre quando se aterra em Niamey, a capital do Níger, um país “capturado” em 80 por cento pelo deserto de Saara. Entretanto, a vida encontrou cainhos para prosperar. As fotos de CARLOS UQUEIO mostram inequivocamente que a “riqueza” daquela país não está só nas línguas que se falam (árabe, fula, gur, songai, zarma, etc.) mas também no engenho humano para contrariar a oposição da natureza. O Níger é um dos países mais pobres do mundo, mas com uma elevada taxa de natalidade. Entretanto, como tudo na vida, os nigerinos encontraram a fórmula para a felicidade, embrulhados pela pobreza extremada por uma omnipresente “insegurança” político-militar  somada ao baixo índice de desenvolvimento sócio-económico. As imagens, procuraram mostrar alguns dos aspectos curiosos de um país que vai mudando ao sabor do vento do deserto.